Brasileiro acusa francês de fazer campanha para tirá-lo da presidência de conselho e de vazar informação falsa
O empresário Abilio Diniz ameaçou nesta segunda-feira entrar na Justiça contra o Casino, seu sócio no Grupo Pão de Açúcar, caso o grupo francês leve à frente o que classificou de uma “campanha” para destituí-lo da presidência do Conselho de Administração da varejista brasileira. Em carta encaminhada ontem a Jean-Charles Naouri, presidente do Conselho de Administração da Wilkes Participações (que controla o Pão de Açúcar), o brasileiro adverte o executivo francês sobre o plano de convocar uma assembleia de acionistas para tirá-lo do cargo.
Naouri estaria defendendo a saída de Diniz porque o brasileiro pode assumir a presidência do Conselho de Administração da BRF (união entre Sadia e Perdigão). O nome de Diniz, que encabeça a chapa única do novo colegiado da BRF, ainda precisa ser referendado pelos acionistas em assembleia marcada para o dia 9 de abril.
No documento encaminhado a Naouri, Diniz diz que a “veiculação de acusações graves e absolutamente falsas” contra ele configuram a prática de atos que violam o acordo de acionistas da Wilkes, firmado em novembro de 2006. O empresário acusa ainda os representantes do Casino de utilizar as reuniões dos órgãos societários da Wilkes e da CBD para “o vazamento de informações à imprensa, sempre com o objetivo de denegrir a imagem de Diniz por meio de acusações falsas e levianas”.
“O vazamento de ‘notícias’ para determinados jornalistas tem ocorrido inclusive durante o andamento das próprias reuniões de trabalho”, diz a carta. Toda essa estratégia, que inclui a “questão BRF”, segundo o empresário, “vem sendo explorada de forma ardilosa” e teria como objetivo afastá-lo da presidência do conselho do Pão de Açúcar, “permitindo ao Casino assumir o controle absoluto e incontrastável da companhia”.
Procurado, o Casino no Brasil não se pronunciou o assunto. Segundo fontes da empresa, o grupo francês ainda estuda o caminho a ser tomado caso o empresário brasileiro assuma, de fato, a presidência do conselho da BRF. A avaliação atual é que o jogo a favor de Diniz na BRF ainda pode mudar.
O Casino aposta na divisão entre os principais sócios da empresa. A Petros, fundo de pensão da Petrobras, e Décio da Silva, um dos sócios da WEG, que tem participação relevante na BRF, já se manifestaram contra o nome do empresário. Eles repetem o argumento do Casino: a existência de um conflito de interesses. Já a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, enfrenta a resistência interna dos bancários.
Veículo: O Globo - RJ