O presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, espera ser eleito presidente do conselho da BRF na assembleia de acionistas da empresa de alimentos no dia 9 de abril. Ele entende que, caso ocupe essa posição - como tudo indica hoje -, não há problema em estar no comando do colegiado das duas empresas, atuais parceiras comerciais. "Não existe em hipótese alguma essa questão de conflito de interesse. Não há legislação, regulamentação ou lei que impeça uma pessoa de ser presidente de conselho de administração de duas empresas", afirmou ele, durante palestra no Global Entrepreneurship Congress, no Rio.
O nome de Abilio faz parte de uma chapa única - com nomes indicados pelos fundos Tarpon, Previ e Petros - a ser votada em assembleia no dia 9. A Petros foi contra o nome de Abilio, mas a favor da composição de uma chapa.
O Casino, sócio controlador do GPA, defende o oposto: entende que caso Abilio seja eleito para o conselho da BRF, haverá conflito de interesses, baseado na informação de que Sadia e Perdigão estão entre os principais parceiros do GPA. Até o momento, o Casino não se movimentou para impedir que Abilio ocupe as duas vagas.
"Por tudo aquilo que sou na vida, eu nunca agiria de maneira que pudesse sair da ética, sair dos princípios morais, dos princípios da honestidade. Não estou nem um pouco preocupado com isso, acho que os dois cargos são perfeitamente compatíveis. Vou continuar como presidente do conselho do GPA e presidente do conselho da BR Foods, se for eleito", disse. "É uma empresa de complexidade imensa, uma coisa maluca, mas estou feliz".
O empresário disse que pretende contribuir "enormemente" para as duas companhias, "para melhorar as relações entre fornecedores e distribuidores, que sempre têm atritos". Abilio comentou ainda que o convite para integrar a BRF lhe deu um "frio na barriga". "Sempre tive meu comércio, de repente, vou para a indústria. É como se eu passasse a vida jogando squash e, chega no fim, a partida é de tênis", disse.
Veículo: Valor Econômico