Modalidade cresce entre os consumidores e a redução nas despesas com alimentação chega a 20%. Mas para a relação custo-benefício valer a pena, é preciso tomar alguns cuidados
Antes restritas aos pequenos comerciantes, as compras em atacado têm atraído cada vez mais os consumidores. A economia é o principal motivo, já que em alguns casos é possível obter uma redução de até 20% nas despesas com alimentação. Segundo dados da Nielsen, cerca de 11 milhões de lares urbanos realizaram pelo menos uma compra nos supermercados atacadistas em 2011. Mas, para que o custo-benefício realmente valha a pena, é preciso ter alguns cuidados na hora da compra.
De acordo com a professora de economia doméstica da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Fátima Macena, apesar de serem uma ótima forma de economizar, as compras em atacado requerem atenção. “O ideal é adquirir produtos não perecíveis e também ter condições de armazená-los em local adequado”, aconselha. Por se tratar, na maioria dos casos, de compras em grande quantidade, é necessário estar atento também ao prazo de validade.
O número de pessoas que moram na residência também deve ser levado em consideração. “É preciso listar quais os itens mais consumidos durante o mês. Assim, fica mais fácil saber quais os produtos que deverão ser comprados em maior quantidade, e a pessoa não corre o risco de adquirir algo que possa estragar”, diz. Produtos perecíveis, como carnes e frutas, precisam de atenção redobrada. “O ideal é adquiri-los no varejo, e não em grandes quantidades”, orienta a professora. Se, ainda assim, a pessoa decidir comprá-los, deverá tomar precauções na hora da armazenagem.
Quem não possui uma família grande pode se juntar a amigos ou parentes para dividir a conta. “É uma alternativa excelente para quem busca economia”, enfatiza Fátima. A diferença, na maioria dos casos, varia entre 10% e 20%. Um bom índice para quem está em busca de alternativas para driblar a inflação, que nos últimos meses vem assustando os consumidores brasileiros.
O autônomo Bruno Marinho, 32, costumava fazer sua feira mensal na rede varejista. Com os preços cada vez mais em alta, há algum tempo ele optou pelo atacado. “Não compro tudo, mas apenas o que a gente mais consome lá em casa”, diz. Arroz, açúcar e margarina são alguns dos itens que ele sempre compra. “A economia é grande. Economizo cerca de 15% todos os meses”, comemora.
Redes atacadistas sentem aumento da demanda
O perfil dos consumidores que procuram as redes atacadistas vem mudando nos últimos anos. Se antes os comerciantes eram maioria no fluxo de movimentação, hoje a situação é diferente. De acordo com o superintendente do grupo KarneKeijo, (responsável pela bandeira Deskontão), Inácio Miranda, os consumidores comuns superaram a quantidade de comerciantes que frequentam as unidades da rede.
“As compras não são exclusivas das grandes famílias, mas principalmente de grupos menores”, diz. Períodos que antecedem festividades costumam registrar grande movimentação dos consumidores. “Todos os dias nós colocamos diversos itens em promoção. Não há um dia específico, como nas redes varejistas”, enfatiza. Os produtos mais comercializados pela rede são do setor de frios, como as carnes e os peixes. “Dependendo do produto, a diferença chega a 50% na conta”, finaliza.
Para o diretor comercial da rede Assaí, Vlamir Anjos, a tendência é que a procura dos consumidores aumente cada vez mais. “Hoje, eles já respondem por dois terços frente aos pequenos comerciantes”, diz. Para atender a esse novo público, a rede vem investindo em produtos tanto para o consumidor final como para os comerciantes. “Procuramos atender todas as classes econômicas, com um mix variado de itens”, diz. Com apenas uma unidade no Grande Recife (localizada em Piedade), a rede Assaí pretende inaugurar mais três lojas na RMR até 2015.
Veículo: Diário de Pernambuco