Vendas on-line desafiam o Wal-Mart

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A Amazon.com Inc. se tornou a líder absoluta das vendas on-line graças a uma rede de mais de 40 armazéns nos Estados Unidos, alguns empregando assistentes robóticos, que aceleram o processo de envio das encomendas com uma eficiência brutal.

A Wal-Mart Stores Inc., que tenta se recuperar no mercado de comércio eletrônico, concluiu que não quer simplesmente copiar a Amazon, já que também tem que se preocupar em abastecer suas lojas.

A empresa está criando um novo e amplo sistema de logística que inclui a construção de novos armazéns para os pedidos on-line e o uso de funcionários das lojas para empacotar e enviar os itens para os clientes. O Wal-Mart concluiu que essa é a forma mais rápida e barata de despachar algumas encomendas nos Estados Unidos.

"Estamos começando a ganhar força", declarou o diretor-presidente Mike Duke durante a assembleia anual da empresa neste mês. "Eu digo começando porque sabemos que é uma área em que temos ainda um longo caminho a percorrer."

O Wal-Mart está sendo forçado a inventar sua própria solução porque ele ainda não descobriu como entregar de forma econômica todos os seus produtos aos consumidores on-line, dizem atuais e ex-executivos da empresa. É uma admissão extraordinária para a gigante americana, que se tornou a maior varejista do mundo em parte pela eficiência da sua cadeia de suprimentos.

Apesar das várias promessas de se tornar uma força on-line desde que entrou no comércio eletrônico, há dez anos, o Wal-Mart tem ficado muito atrás da Amazon. Em 2012, as vendas da Amazon somaram US$ 61 bilhões em comparação aos estimados US$ 7,7 bilhões vendidos on-line pelo Wal-Mart, de acordo com a publicação "Internet Retailer". O WalMart informou que espera US$ 10 bilhões em vendas on-line neste ano, apenas cerca de 2% da sua receita anual de US$ 469 bilhões.

No ano passado, as vendas on-line cresceram 16% nos EUA, para US$ 224,3 bilhões, e hoje representam cerca de 5% das vendas totais de bens de consumo. A estimativa é que esse número dobre até 2017, segundo a firma de pesquisa Forrester Research Inc. As vendas físicas ainda respondem por US$ 9,50 de cada US$ 10 gastos, mas cresceram apenas 5% ante o ano anterior.

Parte do problema do Wal- Mart, segundo ex-executivos da empresa, é que começou a investir tarde na distribuição de produtos vendidos on-line devido a um choque cultural interno entre engenheiros focados nos negócios pela internet e profissionais de logística focados em lucro.

A área de comércio eletrônico do Wal-Mart é gerida como uma empresa separada, com sede própria, outro diretor-presidente e uma equipe de compras específica. Ela tem recorrido a espaços improvisados nos centros de distribuição e armazéns de terceiros para lidar com suas vendas. Suas entregas podem custar entre US$ 5 e US$ 7 por pacote, enquanto a média da Amazon é de US$ 3 a US$ 4, dizem analistas. O Wal- Mart não revelou custos de frete.

A empresa promete agora resolver seu problema on-line com uma rede de distribuição que compartilha dados do estoque de suas 4.000 lojas e 158 armazéns nos EUA e imediatamente define qual a melhor forma de entregar uma TV ou uma camiseta. Também construirá mais centros de distribuição para as vendas on-line, mas não informou quantos.

Em alguns casos, funcionários com carrinhos de supermercado vão pegar produtos das prateleiras das lojas, embalá-los e enviá-los. O conceito está em teste em 35 lojas. A partir deste mês, o Wal-Mart também irá instalar armários em uma dúzia de lojas para que os clientes possam pegar produtos encomendados pela internet.

Alguns especialistas são céticos. Dizem que nenhuma grande rede de varejo ainda descobriu como lidar com o comércio eletrônico de forma tão eficiente como a da Amazon ao mesmo tempo em que fazia entregas em lojas.

O Wal-Mart informou que seus investimentos em comércio eletrônico neste ano devem custar US$ 0,09 por ação, o que representa cerca de US$ 430 milhões antes dos impostos. Foi a primeira vez que a empresa revelou esse tipo de despesa.

Neil Ashe, presidente mundial das operações de comércio eletrônico do Wal-Mart, admite que a operação on-line é um desafio. Ele relata uma conversa em uma reunião de diretoria na sede das operações on-line, em San Bruno, na Califórnia, quando lhe perguntaram quanto custaria e quanto tempo levaria para consolidar o negócio na Web.

"Vai levar o resto de nossas carreiras e todo o dinheiro que tivermos", respondeu. "Isso não é um projeto. Isso se trata do futuro da empresa."



Veículo: Valor Econômico


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