O presidente mundial do Carrefour, o francês Georges Plassat, esteve no Brasil nos últimos dias, em reunião com o comando da empresa e em visitas às lojas de varejistas concorrentes. O executivo voltou para a França no sábado. Plassat e Luiz Fazzio, presidente da rede no país, estiveram em unidades da rede Assaí, atacadista do Grupo Pão de Açúcar e concorrente do Atacadão, rede de atacado do grupo francês no país.
O Carrefour está trabalhando hoje num projeto para expandir as operações em alguns mercados emergentes, como o Brasil, porque apesar de alguns avanços, considera que o desempenho da rede nessas regiões está abaixo do considerado ideal. Essa visita teria relação com esse plano a ser anunciado no início do ano que vem, que passa por maiores investimentos em lojas no país, apurou o Valor.
A companhia confirmou a estadia de Plassat, reforçou que trata-se de uma visita de rotina, mas não informou detalhes da agenda. O presidente da rede já disse, meses atrás, que o país está entre os mercados prioritários para crescimento do grupo no mundo, que passa por um processo de reestruturação. Desde que assumiu a direção mundial (há um ano e um mês), Plassat já esteve no país pelo menos duas vezes, num sinal de acompanhamento constante dos negócios. O Brasil é a segunda maior operação do Carrefour no mundo - só perde para a França - com receita de € 3,28 bilhões de janeiro a março, alta de 13,3% sobre o mesmo período de 2012. O Atacadão é o maior negócio no país.
O Valor apurou que Plassat levantou questões a respeito do andamento do novo modelo de hipermercados da rede no país, que tem semelhanças visuais com as lojas da rede Planet do grupo na França, e foi informado sobre desempenho de venda desses pontos reformados, em relação às lojas não reformadas. Plassat tem ainda defendido a necessidade de reforçar investimentos nos pontos, alguns considerados muito antigos, como uma das medidas para recuperar terreno em relação aos concorrentes nas áreas de hipermercados e supermercados. Durante a estadia no país, Plassat fez perguntas em relação às manifestações da população nas ruas das capitais.
Plassat é o terceiro presidente mundial do Carrefour em quatro anos e tem a tarefa de fazer a "virada" dos resultados no mundo, especialmente da operação na Europa, afetada pela crise. O executivo foi contratado pela companhia após os frustrantes resultados deixados pelo antecessor, Lars Olofsson, e também como uma tentativa de dar novo rumo para a operação de hipermercados, modelo com baixo crescimento. As vendas do primeiro trimestre no mundo somaram € 20,8 bilhões (registrando uma ligeira alta de 1,3%), um pouco abaixo da média estimada pelos analistas de € 20,9 bilhões. Para especialistas, ainda não há sinais sólidos de uma "virada nos resultados" do grupo, mas Plassat já disse que isso não aconteceria tão rapidamente.
Veículo: Valor Econômico