No ano que já registra a mais baixa taxa de crescimento do varejo brasileiro desde 2009, o desempenho do comércio paulista tem ficado abaixo da média do país. E isso tende a se refletir nos números das varejistas com alta dependência do consumo na região, segundo especialistas. Em todos os meses deste ano, as vendas do varejo do Estado de São Paulo cresceram abaixo da média nacional, revertendo tendência verificada até o fim de 2012, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Levantamento inédito da Federação do Comércio do Estado de São Paulo revela como cada região do Estado reagiu a essa desaceleração no consumo do brasileiro. Nove das 16 áreas pesquisadas registram índices de expansão acima da média neste ano. Em sete áreas há retração nas vendas reais (descontada a inflação), ou seja, venderam menos do que no ano passado. "De janeiro a maio, a capital cresceu 0,8% e o Estado de São Paulo, 0,4%. Ou seja, praticamente estagnação, e os dados de junho não devem mostrar mudança nesse cenário", diz Altamiro Carvalho, assessor econômico da FecomercioSP.
Os dados se referem ao acumulado do ano até maio, mas a Fecomercio entende que até junho o quadro não deve ter mudado muito. Se houver mudança, será para baixo, com o impacto das manifestações populares de junho nos números.
Ao se cruzar o desempenho por área pesquisada com o mapa da disposição das lojas das redes pelo país, as maiores varejistas do Brasil concentram em São Paulo a maior quantidade de lojas de suas redes. O Valor avaliou dados do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Carrefour, Walmart, Renner, Riachuelo, Lojas Americanas, Magazine Luiza, Lojas Cem e Via Varejo. As empresas não informam a receita por Estado.
Algumas redes registram alta concentração de pontos no Estado de São Paulo, mas não há dados de desaceleração nas vendas na região. Na Lojas Cem e no GPA, cerca de 70% dos pontos estão no mercado paulista e na Via Varejo (Casas Bahia, Ponto Frio e Nova Pontocom), 43% - os índices mais altos entre as redes analisadas. No Magazine Luiza, perto de 35% das lojas estão no Estado. A Renner tem uma das taxas mais baixas, 17%, seguida da Lojas Americanas, com 22% das lojas, com base nas informações dos sites das redes.
As estimativas de crescimento das varejistas avaliadas estão acima da média do mercado, com previsão de 20% de expansão para a Lojas Cem em 2013 e de, no mínimo, 9,2% para a Via Varejo (com base na previsão de, pelo menos R$ 28,5 bilhões em receita bruta em 2013). Forte expansão orgânica pode explicar as estimativas positivas, assim como a obtenção de resultados positivos em outras regiões do país, como o Nordeste, o que equilibra essa conta. Dados do IBGE mostram taxa de crescimento nas vendas no varejo do Nordeste neste ano que supera a média do país e a taxa de São Paulo.
Números do desempenho dos shoppings centers em São Paulo, cruzados com o perfil de vendas dos municípios, mostram uma correlação de desempenhos. Campinas aparece como um município com queda de 2,1% nas vendas de janeiro a maio. Um dos maiores shoppings da cidade, o Parque D. Pedro, registrou queda de 3,9% nas vendas no segundo trimestre. O shopping atribuiu a queda às manifestações populares e à Copa das Confederações.
"A situação hoje em Campinas é de queda no consumo, pressão inflacionária e endividamento. Até julho, a venda do comércio caiu 2,5% na cidade", disse Laerte Martins, economista da associação comercial do município.
As cidades de Presidente Prudente, Osasco, Araraquara, o litoral paulista e o ABCD de São Paulo tem retração nas vendas até maio. Guarulhos e Sorocaba despontam com melhores resultados, sendo que nesta última cidade aconteceu a abertura de novas redes, como a Cobasi e Outback neste ano, e a construção de um novo shopping, o Tangará, da Enplanta Engenharia. O estado paulista responde por 35% das vendas do comércio do pais, equivalente a R$ 430 bilhões em vendas no ano passado.
Veículo: Valor Econômico