O Walmart, maior grupo varejista do mundo em vendas, está adiando seus planos de crescimento na Índia, enquanto enfrenta duas investigações e lida com o desconforto com as regras do governo para os investimentos estrangeiros no setor de varejo.
A companhia, que opera 20 lojas atacadistas no país, por meio de uma joint venture com a Bharti Enterprises de Nova Deli, não abre nenhum ponto de venda desse segmento desde o fim de outubro.
O Walmart estreou na Índia em 2009. A Bharti Retail, uma subsidiária da Bharti Enterprises que administra a rede EasyDay de lojas de conveniência vizinhas às lojas atacadistas, com apoio técnico e administrativo do Walmart, não abre lojas novas desde o começo de novembro.
Segundo a imprensa indiana, nos últimos meses a Bharti também encerrou seus contratos de aluguel sobre mais de uma dezena de imóveis que teriam sido novas lojas. O Walmart e sua sócia na joint venture "pararam de crescer", diz um analista especializado em varejo, que acompanha de perto o desenvolvimento do mercado. "Os negócios estavam indo bem, haviam começado a se sair razoavelmente bem. Todos os problemas que eles estão enfrentando são mais de auditoria interna."
O Walmart mudou sua política depois que o governo disse que estava investigando uma possível violação do grupo americano à antiga proibição do controle estrangeiro sobre supermercados, via o fornecimento de um empréstimo de US$ 100 milhões, por meio de debêntures conversíveis em ações, para a holding da Bharti e direcionado à unidade EasyDay.
Sob os termos do negócio, o Walmart poderia converter a dívida em ações assim que a Índia permitisse o controle estrangeiro sobre varejistas. Os críticos classificaram a transação de clandestina e de investimento direto ilegal na companhia varejista.
O Walmart também está investigando se executivos da companhia na Índia violaram a "Lei sobre Práticas de Corrupção no Estrangeiro", o Foreign Corrupt Practices Act, ao pagarem a autoridade locais para obter permissão para a abertura de lojas. Esta investigação é parte de uma auditoria interna sobre alegações de pagamentos de propinas que surgiram primeiro no México. O Walmart não quis comentar seus planos para a Índia.
Em um comunicado por escrito enviado ao "Financial Times", a rede afirmou que está "de acordo" com as regras da Índia sobre investimentos estrangeiros diretos e está cooperando com a investigação do governo. "Continuamos revendo as diretrizes e o trabalho com o governo, para entender as regras para os investimentos estrangeiros diretos", afirmou a empresa. "Acreditamos que os melhores dias para a Índia ainda estão por vir."
Este mês, o Walmart transferiu Mitchell Slape, que vinha atuando como diretor operacional da Bharti Retail, de volta para os Estados Unidos, pouco mais de um ano após ele ter sido enviado para a Índia para supervisionar os negócios locais da companhia. O Walmart não é o único grupo varejista ocidental que está diminuindo o ritmo na Índia, apesar da longamente aguardada decisão do governo, em setembro, de permitir o controle estrangeiro sobre supermercados e lojas de departamentos.
Redes de hipermercados como Tesco e Carrefour são atraídas pelo potencial do mercado, mas estão sendo desencorajadas por condições rígidas que incluem restrições à localização das lojas. A oito meses das eleições parlamentares - e com os partidos da oposição ameaçando reverter totalmente a decisão do Partido do Congresso de permitir o controle estrangeiro sobre os supermercados, se vencerem -, a maioria dos grandes varejistas globais está preferindo esperar para ver o que vai acontecer. "Ninguém está avaliando seriamente a Índia no momento", diz Raghav Gupta da consultoria Booz & Company. "As pessoas vão esperar até depois das eleições."
Veículo: Valor Econômico