Entidade vê valorização da moeda norte-americana como benéfica, mas acredita em alta de preço de alguns produtos
A invasão de produtos importados, que atinge diversos segmentos da economia brasileira, não chegou às gôndolas dos supermercados gaúchos. E o ímpeto dos empresários do setor para comprar artigos estrangeiros deve permanecer reduzido, em função da valorização do dólar nos últimos meses. Essas são as percepções da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), que vê a alta da moeda norte-americana como benéfica para o fortalecimento da indústria local, mas acredita em aumento de preços de alguns artigos.
“Com o dólar nesse patamar, existe necessidade de reajuste de preços em artigos como açúcar e farinha”, acredita o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo. O dirigente ressalta que artigos importados, em especial os utilizados nas festas de final de ano, como frutas secas, também sofrerão alterações. “Se o dólar se mantiver nesse patamar atual (R$ 2,43), o reajuste médio deve ser de 10%. Caso a moeda atinja R$ 2,70, como está se falando que pode acontecer, deve ser de 15%”, projeta. Mesmo assim, Longo garante que os importados estão longe de ter uma representação significativa no Estado, pois os estabelecimentos gaúchos não destinam mais do que 5% do seu espaço para esses artigos.
Paralelamente a isso, os estrangeiros estão vendo no Brasil boas oportunidades de negócios. É o caso da argentina Trini, que resolveu colocar um estande na Convenção Gaúcha de Supermercados (Expoagas) e já alinhava a entrada no mercado brasileiro. Sediada na província de Santa Fé, a marca fabrica produtos naturais à base de stévia (uma folha adocicada, utilizada em substituição ao açúcar), como doce de leite, marmeladas, barras de cereal e até vinho orgânico. “Já fechamos negócios com duas redes de supermercados, uma do Rio Grande do Sul e outra de Santa Catarina, que vão vender nossa linha de produtos. Pelas conversas que estamos tendo, acreditamos que sairemos da feira com até 10 clientes”, comemora o diretor comercial Cristian Supertino.
Nesta edição, a feira supermercadista conta, pela primeira vez, com a presença de uma companhia que oferece soluções de comércio exterior. “Estamos vendo um interesse maior dos supermercados em importar, principalmente, alimentos como carne e batata. Por isso, estamos apostando nesse setor”, aponta Denise Justin, diretora da Clemar, de Novo Hamburgo. Com atuação em todo o Brasil, a empresa assessora os interessados em trazer produtos de outras nações e cuida de todos os procedimentos, desde o desembaraço aduaneiro até a logística. No entanto, com o câmbio mais elevado, Denise acredita em enfraquecimento no volume de pedidos de importações.
Veículo: Jornal do Comércio - RS