Está aberta a agenda de trabalho do grupo Casino à frente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), agora, sem interferências de Abilio Diniz no conselho de administração da companhia. Com a saída do empresário do colegiado, desejo dos franceses desde os últimos desentendimentos entre os sócios, há questões de ordem prática, e outras no campo estratégico, que agora vão parar no topo das prioridades dos controladores.
Entre as decisões de curto prazo, está a definição do novo presidente do conselho da companhia. Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, ainda é um nome possível, pois não está totalmente descartada a hipótese de que ocupe a função. Arnaud Strasser, vice-presidente do conselho, deve voltar para a França neste ano, e é pouco provável que seja indicado. Ronaldo Iabrudi, diretor do Casino, e Roberto Lima, membro do conselho indicado pelo grupo francês, são duas escolhas possíveis também, apurou o Valor.
Quanto à linha de frente da empresa, não estão previstas mudanças drásticas. Inclusive, esse foi o recado dado por Naouri em reunião com a diretoria executiva da empresa na sede do grupo na sexta-feira. Naouri reforçou a confiança no "time" e disse que não vê sinais de que o desaquecimento da economia tenha afetado o desempenho da rede. A diretoria do grupo será mantida, sob comando de Enéas Pestana, que criou uma relação de confiança com os controladores num momento delicado, em meio às disputas entre os sócios.
Pestana e equipe começaram a tocar um programa de revisão de despesas no GPA Alimentar neste ano, que tem envolvido diversos departamentos, e o Casino vai aprofundar esse processo.
De forma mais imediata, o fim do embate entre Abilio e o sócio francês deverá reduzir o nível de exposição negativa da companhia no mercado e diminuir os desgastes nas reuniões do conselho, que terá apenas membros do Casino e independentes.
A curto prazo, é pouco provável qualquer movimentação de peso envolvendo as ações preferenciais de Abilio no mercado. Pelo acordo, será feita a conversão das ações ON do empresário na holding em PNs do GPA. Abilio não pretende vender suas ações neste momento (são 23,5 milhões, ou 8,8% do capital total), apurou o Valor, não só por acreditar que estão distantes de seu preço justo, mas também porque uma movimentação de venda agora afetaria o preço do papel, que acumula perda de quase 3% nos últimos 30 dias.
Ontem, a empresa publicou detalhes da conversão de ações, que acontecerá em duas etapas, com a permuta do volume mais significativo sujeita ao aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Haverá a troca imediata de 8.145.925 papéis PN do GPA, de propriedade do Casino, pelo mesmo número de ações ON de Abilio na holding Wilkes. Na segunda fase, quando obtida a aprovação do Cade, haverá a permuta de 11.229.075 ações PN do Casino pelo mesmo número de ONs de Abilio em Wilkes.
Veículo: Valor Econômico