Uma das maiores redes de supermercado do País, o Grupo Muffato obteve resultados expressivos de redução de perdas ano passado, após implantar um conjunto de ações de prevenção. A medida conta com colaboradores que são periodicamente treinados e capacitados pela Uniffato - Universidade corporativa do Grupo Muffato, que desenvolve treinamentos e cursos visando o aperfeiçoamento do quadro funcional em vários aspectos.
Segundo Noroli do Nascimento, diretor administrativo do Grupo Muffato, "são feitas auditorias nos Centros de Distribuição antes da saída das mercadorias que são transportadas para as filiais da marca. Além disso, nossas lojas possuem circuito interno de monitoramento, com câmeras instaladas em locais estratégicos". Sem citar valores de investimentos no conjunto dessas prevenções, o diretor administrativo garante que o Grupo teve uma redução total de 15% nas perdas de janeiro a novembro deste ano, se comparado ao mesmo período de 2012.
As medidas devem ser atribuídas a todos os aspectos: processo, pessoa e tecnologia, além de uma integração entre a própria equipe. Na rede supermercadista Muffato, todas as áreas da empresa recebem mensalmente os gráficos e as análises, e a partir de então se reúnem para a busca de soluções e a adoção de medidas que diminuam os índices de quebras operacionais e perdas no estoque.
Já a varejista de calçados Pampili, segundo o diretor de varejo Diego Coli, adota como estratégia de venda e redução tanto de estoque quanto de perda, a procura pelo cliente. O investimento é feito principalmente em pessoas, aponta a empresa. Com produtos ofertados em mais de 6.000 pontos de vendas em todo o País, a marca, segundo Coli, mantém seu diferencial na qualidade do produto e na capacitação de funcionários. "Nossa ideia não é expandir, é crescer com o lojista".
A equipe da Cooperativa do Consumo (Coop), segundo Rogério Lopes, diretor de Logística, há três anos trabalha com uma ferramenta manual (Access e Excel), por meio da qual busca-se informações diretamente do banco de dados. "Desta forma, confeccionamos os algoritmos de reposição e trabalhamos por mais de dois anos, trazendo resultados importantes principalmente nos volumes comprados e disponibilidade de produtos em loja". Na Coop foi identificado que essa estratégia trazia benefícios diretos e indiretos na gestão de logística dos estoques. Foi investido, então, 0,018% sobre o fornecimento bruto e nos anos subsequentes 0,006% em tecnologia para fazer toda a gestão. Lopes também se refere ao modelo de pedidos, que será cada vez mais centralizado e terá 95% dos itens com emissão de pedidos partindo da área de compras/comercial e da área de gestão de estoques.
A cada ano as perdas no varejo crescem, o que mostra falhas das empresas quanto ao estoque, distribuição e monitoramento do interior das lojas. Pesquisa anualmente feita pelo Instituto Provar, mostrou que em 2012 as perdas no varejo somaram R$ 1,7 bilhões, um percentual de 1,83% do faturamento de todo o varejo do País. Carlos Eduardo Santos, consultor e professor do Provar, adianta que num primeiro momento a tendência é mesmo aumentar o percentual de perda identificado, uma vez que as empresas conseguem maior controle sobre os processos internos e só então desenvolvem ações para reduzir os prejuízos. Nesse sentido, a redução das perdas é gradual.
Para o consultor, o jeito mais adequado para se contabilizar as perdas é, primeiramente, identificar a diferença entre o estoque contável (físico) e o inventariado (comprado). O resultado encontrado precisa ser multiplicado pelo custo do produto em questão e, nesse ponto, é identificado o valor da perda.
Causas
Segundo a pesquisa, as principais causas são: perda de validade (33% das perdas), erros administrativos e gestão inadequada - cadastro errado, falhas na distribuição e transporte de produtos, falha no processo de registro no produto no caixa (24%), furtos externos - praticado por clientes (18%), furto interno - praticado por funcionários (15%), e falhas dos fornecedores, que eventualmente equivocam-se nos pedidos enviados (10%).
Os erros mais prejudiciais às contas de uma empresa estão relacionados à gestão do estoque. Quanto a isso, o consultor Santos afirma que é importante que se conheça o nível de perda que se tem numa empresa. E isso começa no recebimento do produto e termina na sua entrega ao cliente. Se não se confia nos estoques, não há como garantir que a transação dos produtos seja correta, adequada e segura.
"Primeiro é preciso resolver os problemas de estoque e conhece-lo na forma mais relacionada ao real", disse Carlos Eduardo Santos, em entrevista ao DCI.
Veículo: DCI