Mesmo com lojas distantes das cidades-sede, a rede Confiança Supermercados, com nove unidades em quatro cidades do interior paulista, aposta no aumento do volume de vendas de alimentos, principalmente petiscos, bebidas e guloseimas para aproveitar o período da Copa do Mundo, e faturar sobre as reuniões que os consumidores farão para assistir os jogos. A estratégia da empresa é estabelecer parcerias com os fornecedores e alcançar um crescimento de 20% em relação ao mesmo período em outros anos.
Na verdade, as redes supermercadistas agem na espera, de modo geral, que o evento mundial lhes rendam bons negócios. Tanto que algumas redes pequenas e médias empresas do segmento elaboraram os pedidos no último trimestre de 2013 e começam a recebê-los agora. "Começamos os pedidos no final do ano. Os primeiros contatos foram em novembro e os mais efetivos agora, em janeiro. Nosso foco é alimentos e as mercadorias precisam chegar frescas", disse Eduardo Amaral, gerente de compras da rede Confiança Supermercados, em entrevista ao DCI.
O que se espera das reuniões para assistir os jogos é a maior procura por produtos como carne e bebida: "os churrascos, sem dúvida, serão os mais comuns, e o pequeno e médio empresário das redes supermercadistas precisam estar focado nessa procura do consumidor", aposta o professor Nicolau Miguel, da FGV/EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo). Para ele, é importante, principalmente aos supermercados de bairro e mercearias, que se faça uma categoria especial para a Copa. "A expectativa é maior porque os jogos serão sediados no País, e é aconselhável que o empresário reconheça as tendências das reuniões brasileiras em tempos de festa", aconselhou o professor. Ele acredita que o movimento nos supermercados será tão intenso quanto o observado no final de ano.
Ainda que a expectativa seja de que o mix de produtos vendidos não varie muito em relação ao básico "churrasco e bebida", alguns fornecedores formaram parcerias com redes supermercadistas para incrementar o mix por meio de promoções. O gerente Eduardo Amaral conta que a expectativa é que se aumente o volume de vendas a partir de ações promocionais, como "compre e leve", ou "compre e ganhe", que segundo ele só é possível se houver respaldo e concessões de indústrias.
Também na tentativa de acrescentar itens ao mix de produtos normalmente buscados pelos torcedores (e consumidores) está a Belmont Alimentos - empresa do setor alimentício cujo produto carro-chefe é o vinagre, e que desenvolve também um leque de molhos e temperos, a tíquete que varia de R$ 1,00 a R$ 3,00. A expectativa de evolução do faturamento no período da Copa está entre 20% e 25%. A Belmont Alimentos fornece produtos para pequenas e médias empresas do setor de supermercado e acredita que os varejistas do ramo estão com desafio muito grande.
José Luiz Toledo Martins, assessor técnico da Belmont Alimentos disse que pelo fato de o momento ser de grande confraternização entre os brasileiros, inclusive pelo Mundial ser sediado no País, o costume da população, de se reunir em momentos assim estará "aflorado". Para sustentar esse cenário, a empresa aprimorou sua logística para manter a meta de entrega de todos os pedidos em até 72 horas, a partir da encomenda. "Temos frota para o abastecimento e uma rede própria de logística". Martins é otimista: "Estamos mobilizados para esse atendimento, que será parecido com o que ocorre todo final de ano". A indústria da Belmont Alimentos está localizada na cidade de Lençóis Paulistas (em São Paulo), onde também é o centro de distribuição.
Outra estratégia da empresa é aproveitar a Copa e o maior fluxo de consumidores às lojas para apresentar novas linhas de produtos. Martins conta que alguns revendedores da marca são Savegnago Supermercados, em Ribeirão Preto, Supermercados BH, em cidades próximas a Belo Horizonte, Minas Gerais, e SuperMuffato, no Paraná.
O gerente de compras Eduardo Amaral confirmou que em breve os produtos serão organizados em "ilhas da Copa". "A loja terá temática da Copa e teremos também ilhas, ponto extra relacionado ao momento do Mundial, com produtos como pipoca, salgadinho e bebida, nossas principais apostas", disse Amaral. Essa é a dica também do professor Nicolau Miguel, que baseado nos estudos da FGV/EAESP, afirma que a demanda intensa será apenas durante um mês e a parte de serviços e alimentação serão as mais beneficiadas. "As pessoas não vão se movimentar para bater perna. As empresas que conseguirem estocar maior mix de produtos conseguirão lidar com as grandes empresas do setor."
O professor Miguel destaca que não vê necessidade de contratação de mão-de-obra extra nos "supermercados de bairro", mas sim da otimização da logística e volume de vendas.
Veículo: DCI