Apesar do ano "complexo" o Grupo Pão de Açúcar (GPA) bateu as metas previstas para 2013, com resultados, na maioria dos indicadores, acima da estimativa inicial da empresa e de analistas. A empresa prevê investir até R$ 2 bilhões em 2014, mesma meta anunciada para 2013, como antecipou o Valor em dezembro. O GPA investiu R$ 1,85 bilhão no ano passsado, 18% acima do ano anterior.
A receita bruta atingiu R$ 64,4 bilhões em 2013 - o grupo previa superar R$ 63 bilhões. A receita líquida somou R$ 57,7 bilhões, alta de 13,4%. De outubro a dezembro, as vendas subiram 15,8%. A margem líquida passou de 2,3% para 2,4% no ano. No quarto trimestre, de 3,7% para 4,1%. A margem ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu 7,8%, acima da previsão do GPA de 7,2%. O lucro líquido no ano subiu 21% para R$ 1,4 bilhão.
Houve redução no índice que mede a relação entre receita e despesas para um dos patamares mais baixos dos últimos sete anos - de 19% de outubro a dezembro de 2012 para 16,8% em 2013.
A companhia, controlada pelo francês Casino, está conseguindo reduzir preços (e aumentar vendas) ampliando a margem de lucro, numa estratégia iniciada em maio de 2013, após a empresa ter verificado queda no tráfego de clientes nas lojas.
Reduzir de preços sem afetar rentabilidade foi uma conta que só fechou com o controle despesas, principalmente na área alimentar. A varejista de eletroeletrônicos do grupo, Via Varejo (que une Casas Bahia e Ponto Frio), tem seguido caminho parecido. "Foi um ano complexo e bastante desafiador, mas a empresa teve a estratégia mais adequada para o período", disse Ronaldo Iabrudi, presidente do GPA desde janeiro, quando substituiu Enéas Pestana.
A empresa não informou estimativas de desempenho para 2014. O Valor antecipou em dezembro que o grupo prevê abrir cerca de 655 lojas até 2016. A estratégia é manter a política de redução de preços financiada pela revisão constante de despesas. Pelo menos em 2014 essa orientação continua, "até se estabilizar em algum ponto", diz Christophe Hidalgo, vice-presidente de finanças. "Não é uma medida oportunista, são [medidas] genuínas, perenes e sustentáveis no tempo".
Na área alimentar, por exemplo, a ação envolvendo os supermercados Pão de Açúcar seguiram a estratégia chamada "Every Day Fair Price" (Preço Justo Todo Dia), disse Jorge Faiçal, diretor comercial. Trata-se do aumento de descontos para chegar a um preço considerado justo para certas mercadorias. O rival Walmart trabalha com o "Every Day Low Price" (Preço Baixo Todo Dia), com redução de promoções e definição de preços em geral, diz a rede, abaixo da média.
Analistas questionaram, em teleconferência com o comando da empresa na sexta-feira, a sustentação dessa política ao longo do tempo, já que a concorrência pode reagir também com redução de preços e custos. Para manter a competitividade, o caminho pode ser intensificar mais os cortes de despesas - mas há limites para isso.
"Em algum momento, isso chega num limite, porque objetivos mudam, e os cortes não podem afetar nível de serviço e atendimento. Sete anos atrás, Galleazi [Claudio Galeazzi] foi presidente do GPA e fez uma série de ajustes na mesma linha vivida agora pela empresa. São fases que as companhias passam", disse Nelson Barrizzelli, professor da Universidade de São Paulo e especialista em varejo.
Veículo: Valor Econômico