Donos de pequenas lojas se uniram para ter maior poder de barganha
Associar para sobreviver. Essa foi a alternativa que donos de pequenos supermercados acharam para se manterem vivos no mercado nacional, cada vez mais dominado pelas grandes redes supermercadistas. Com isso, criaram as chamadas "Centrais de Compras", que somente em 2013 faturaram mais de R$ 2 bilhões, somente em Minas Gerais.
"Foi uma questão de sobrevivência do pequeno investidor. A dificuldade de concorrer com as grandes marcas consolidadas, principalmente na hora de negociar com os fornecedores, foi o principal motivo de nos unirmos. Assim, temos maior poder de barganha", afirma o empresário Gilson de Deus Lopes, que faz parte da Rede Valor, que possui 12 lojas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Lopes, que também é vice-presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), explica que há dois tipos de Centrais de Compras: o primeiro são os lojistas que mantêm suas marcas originais e apenas compram juntos; e o segundo modelo são os que montam uma marca nova, uma central única.
"Funcionamos basicamente como uma cooperativa. Esse modelo já existe há bastante tempo e as primeiras centrais do Brasil surgiram no Espírito Santo há cerca de 35 anos", explicou. Atualmente são cerca de 40 Centrais de Compras em Minas, espalhadas por todas as regiões do Estado.
O mais importante, de acordo com o empresário, é que as lojas agrupadas tenham o mesmo perfil. "Para dar certo as lojas têm de ser semelhantes, ou seja, voltadas para públicos de mesma faixa social. Só assim terão interesses nos mesmos produtos e marcas. Os empresários se juntam por afinidade", disse.
Dentre as vantagens de fazer parte das centrais estão redução de custos, maior poder de compra junto aos fornecedores e melhor administração do negócio, já que os as empresas contratam um bom profissional de gestão para coordenar as centrais. As compras funcionam de acordo com a participação de cada lojista no negócio.
"As grandes negociações são feitas por volumes de vendas. Normalmente, paga-se uma mensalidade e cada lojista pode retirar determinada quantidade de produtos, proporcional à sua participação na central. O custo é diluído", observou.
Resultado - No ano passado, de acordo com Lopes, as centrais passaram por um forte crescimento, com aumento de 40% no faturamento. "Houve um grande aumento de associados, por isso este alto crescimento. Hoje, até mesmo as grandes redes já perceberam que a tendência é por lojas de bairros. Os consumidores querem comodidade nas compras", ressaltou.
Para 2014, a expectativa também é positiva. "Não teremos tantas adesões, mas esperamos crescer pelo menos um pouco acima da inflação, por volta de 6%. Neste ano os rumos da economia do país ainda estão muito incertos. Não dá para fazer projeções", completou.
Supervarejista - Um exemplo bem sucedido de Centrais de Compras é a Rede Supervarejista, formada pela Associação Supervarejista de Minas Gerais (ASVMG). Com apenas três anos de atividade, a central faturou R$ 430 milhões no ano passado e vai inaugurar em março um centro de distribuição (CD) de 1,6 mil metros quadrados em Contagem, na RMBH.
Veículo: Diário do Comércio - MG