O grupo francês Carrefour inaugura hoje a primeira unidade da rede de Supeco no Brasil. A loja está situada em Sorocaba (SP). A nova bandeira ficará sob a gestão do Atacadão, divisão de "atacarejo" do grupo, que vende tanto a pequenos comerciantes no atacado, como em pequenas quantidades ao consumidor final.
Este é o segundo anúncio feito pela companhia no Brasil no segundo semestre, como parte dos planos para acirrar a disputa com o Grupo Pão de Açúcar. No fim de agosto, a companhia francesa passou a competir no varejo de minimercados com a rede Carrefour Express, com uma unidade instalada na capital paulista.
Embora a Supeco também seja uma rede de "atacarejo", suas lojas são bem menores que as do Atacadão - terão entre 1,5 mil m2 e 3 mil m2. As unidades do Atacadão chegam a ter mais que o dobro disso. A Supeco foi lançada em 2012 e possui 11 unidades na Espanha e na Romênia.
Além das novas bandeiras, os planos do Carrefour para o Brasil incluem medidas para tornar seus imóveis mais rentáveis, como o uso de parte de seus terrenos para construções comerciais e residenciais. Charles Desmartis, presidente do Carrefour no Brasil, disse que a companhia já desenvolveu oito projetos desse tipo no país e dois devem entrar em operação no próximo ano. Os negócios com imóveis da companhia vão ficar sob a gestão da Carrefour Property.
"Temos no Brasil em torno de 270 propriedades sendo 120 hipermercados Carrefour e quase 100 unidades do Atacadão. A ideia é utilizar espaços que não são bem aproveitados para aumentar a rentabilidade das lojas, mas sempre com foco em atratividade de consumidores", disse o executivo.
No início de 2015, o Carrefour realizará reformas em seu hipermercado da Marginal Pinheiros, em São Paulo. A unidade terá galerias comerciais e um prédio de uso comercial e residencial.
Outro projeto previsto para sair do papel no próximo ano é a reforma do Carrefour da rua Pamplona, no bairro Cerqueira César da capital paulista. A reforma incluirá a instalação de dois andares voltados para lojas de moda e de artigos de cama, mesa, banho, além de praça de alimentação.
Desmartis disse que está otimista em relação à operação da companhia no país e ao potencial de expansão do mercado, apesar da desaceleração da economia. "A companhia continua otimista a longo prazo em relação ao Brasil. O crescimento não é o mesmo de um ano atrás, mas o grupo fez tantos avanços e tantos projetos que nossa expectativa é, com os projetos, mais que compensar o consumo menos dinâmico", afirmou.
A varejista francesa não divulga o valor do investimento a ser feito no país neste ano, nem a projeção de receita. No ano passado, o Carrefour obteve no Brasil uma receita próxima de R$ 35 bilhões.
De acordo com o executivo, o grupo Carrefour pretende abrir 20 lojas no país, entre unidades do Carrefour, do Atacadão e Supeco, no período compreendido entre junho deste ano e junho de 2015. A segunda unidade da nova bandeira deve ser inaugurada até o fim do ano na capital paulista.
Atualmente, a companhia possui 102 hipermercados Carrefour e 41 supermercados. A meta para a rede Atacadão é abrir de 12 a 14 lojas por ano no país.
Roberto Mussnich, diretor geral do Atacadão e responsável pela Supeco, disse que a meta de abertura de lojas do Atacadão não vai diminuir em função do investimento na nova bandeira. Ele ponderou, no entanto, que é possível que haja alguma canibalização nas vendas do Atacadão, ou substituição de algum minimercado do Carrefour por loja da Supeco, dependendo do perfil de consumidor de cada região.
"Pode haver alguma canibalização, mas é melhor que seja entre nossas lojas que ser canibalizado pela concorrência", disse.
A loja da Supeco possui de 2,5 mil a 3 mil itens, ante 7 mil itens do Atacadão. As unidades serão instaladas em grandes centros urbanos e a meta é ter lojas em regiões mais centrais das cidades - diferentemente do Atacadão, cujas lojas são instaladas nas periferias. A escolha de Sorocaba para a instalação da primeira unidade da rede, segundo o executivo, deveu-se ao fato de a cidade ser populosa e apresentar boa qualidade de vida e renda.
Veículo: Valor Econômico