Firmas deixarão de destruir produtos estocados, e que ainda não tiveram o prazo de validade vencido, sob pena de multa de 75 mil ou dois anos de prisão
Com o objetivo de combater o desperdício de comida no país, o Parlamento da França aprovou por unanimidade um projeto de lei que proíbe os supermercados de destruir os alimentos que não foram vendidos.
Com a aprovação, a medida obrigará os supermercados do país a assinar contratos formais com instituições de caridade para que possam doar as sobras de alimentos – que ainda não tiveram o prazo de validade vencido e estão em condições de serem consumidos. A punição para quem descumprir a norma poderá chegar à multa de até 75 mil euros ou dois anos de prisão.
Caso os restos não sejam destinados a esses órgãos, as companhias poderão ainda encaminhá-los para zonas rurais para servir de ração de gado ou como composto orgânico para a agricultura.
Em média, um francês joga fora de 20 a 30 quilos de comida por ano, segundo estimativas do Palácio do Eliseu. Além de não ser sustentável, o problema de desperdício custa até 20 bilhões de euros anualmente para os cofres do país.
“É escandaloso ver a lixívia [composto químico usado para limpar e dissolver substâncias orgânicas] que está sendo derramada nas caixas de lixo dos supermercados, juntamente com alimentos comestíveis”, declarou o idealizador da legislação, o deputado do Partido Socialista Guillaume Garot, que já foi ministro responsável pelo agronegócio entre 2012 e 2014.
Por sua vez, a Federação do Comércio e da Distribuição da França, que representa os supermercados, criticou o projeto. “A lei é incorreta, tanto em seu alvo, quando em seu intuito, já que as grandes lojas representam apenas 5% dos desperdícios de comida”, criticou o diretor do órgão, Jacques Creyssel.
A nova lei faz parte de um esforço nacional para resolver a questão do desperdício de comida em todo o território francês até 2025. No ano passado, os supermercados do país chegaram a promover uma campanha de consumo de frutas e legumes considerados “feios”, com descontos de até 30% do preço original, já que entre 10% e 30% desses produtos vão para os lixos.
Veículo: Diário da Manhã