Cesta básica garante o crescimento das vendas
Arroz, feijão, farinha, batata, tomate e carne. Sem nenhuma perspectiva de melhoria na economia nacional, a população coloca cada vez mais o “pé no freio” nos gastos, abrindo exceção somente para itens fundamentais no dia a dia, como os da cesta básica. Um dos últimos segmentos a sentir a crise e que ainda consegue crescer, o ramo supermercadista já percebe essa mudança no perfil dos consumidores, consolidada em seus resultados. De janeiro a maio, o faturamento do setor em Minas Gerais cresceu 3,18%, na comparação com o mesmo período de 2015. Apesar da alta, o dado acumulado mostra uma tendência de desaceleração na atividade, pois havia sido de +3,97% em março e de +3,75% em abril.
A constatação faz parte do “Termômetro de Vendas”, pesquisa divulgada mensalmente pela Associação Mineira de Supermercados (Amis). O superintendente da entidade, Antônio Claret Nametala, explica que a retração ao longo do ano já era prevista pelo setor desde o início de 2016, em função da instabilidade econômica vivenciada no Brasil.
“Temos o desemprego crescente, que gera redução da renda, e essa retração leva o consumidor a diminuir os seus gastos. O que o indivíduo corta por último nas suas despesas é a alimentação, que é o básico, mas mesmo nesse caso ele tem restringido o seu consumo”, analisa Claret.
Em relação ao mesmo mês do ano passado, os supermercados mineiros apresentaram em maio uma elevação no faturamento de 0,89%. Em abril, na mesma base de comparação, esse crescimento havia sido de 3,09%. O desempenho positivo, porém, não foi observado pelo segmento no confronto com o mês anterior. Em maio de 2016, frente a abril, houve queda de 2,29% na receita.
Todas as regiões do Estado, sem exceção, também amargaram queda no faturamento nesse tipo de comparação: Central (-1,76%), Centro-Oeste (-1,83%), Norte (-1,82%), Vale do Rio Doce (-2,63%), Sul (-2,41%), Triângulo (-1,74%) e Zona da Mata (-2,70%). A principal causa para a retração, segundo as empresas entrevistadas, foi mesmo a redução do consumo por parte dos mineiros.
“Com menos dinheiro disponível no bolso, o consumidor tem comprado menos e procurado cada vez mais por itens mais baratos. O sábado a mais em abril também interfere na comparação, mas não foi o fator principal. O consumidor está gastando menos e a gente espera que isso passe rápido, que se resolvam as questões políticas para que o mercado volte a responder rapidamente. A confiança no País é muito importante para nós”, destaca o superintendente da Amis.
Diversificação - Claret afirma que a fidelidade à marca, comportamento antigo do consumidor, não existe mais no momento. De acordo com o superintendente da Amis, a população tem adotado o hábito de pesquisar ofertas e procurado por itens de qualidade, mas com um preço mais acessível. Com o intuito de não perder vendas, os supermercados estão atentos à mudança no perfil do consumo e têm investido em ações, como, por exemplo, a diversificação do mix de produtos, para atender a esse cliente.
A previsão da associação para 2016 é de um crescimento real de 0,5% no faturamento do setor no Estado. Em 2015, a alta havia sido de 0,7%, com uma receita estimada em R$ 33,5 bilhões. Claret avalia que os resultados do primeiro semestre deste ano têm sido melhores do que o do ano anterior, mas ressalta que os próximos seis meses devem apresentar uma tendência natural de queda.
“Devemos continuar na descendente no acumulado do ano, a não ser que tenhamos uma surpresa no humor do mercado, e se houver, ótimo, porque terminaremos o ano melhor do que esperávamos. Mas a tendência é mesmo de queda até se chegar próximo a esse limite de 0,5% esperado para o ano”, avalia.
Em 2015, foram inauguradas 70 lojas, com 8 mil novos empregos gerados pelo setor. Para este ano, a previsão é de que mais 50 estabelecimentos sejam abertos, com incremento de 5 mil postos de trabalho.
Veículo: Diário do Comércio de Minas