Mesmo com expectativas otimistas do mercado para a retomada do crescimento econômico, a verdade é que o brasileiro está deixando de consumir. E o consumo é o termômetro da economia. Se no passado recente os supérfluos começaram a ser cortados, agora, o carrinho de supermercado ficou ainda mais vazio.
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que o setor de supermercados foi o que mais contribuiu para a queda de 9% nas vendas no varejo no país, quando comparados os meses de maio de 2015 e maio de 2016. O setor apresentava crescimento tímido até maio.
Este foi o pior resultado para o mês desde janeiro de 2000, quando foi iniciada a Pesquisa Mensal de Comércio.
“Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com taxa de -5,6% no volume de vendas em maio de 2016 sobre igual mês do ano anterior, foi a principal contribuição negativa na formação da taxa global do comércio varejista”, aponta o relatório do instituto.
Comparado ao último mês de abril, a redução nas vendas no comércio no Brasil foi de 1%. Além disso, nos primeiros cinco meses de 2016 o acumulado de queda alcançou 7,3%.
Já em Minas Gerais, a variação no mesmo intervalo também foi negativa, mas com um índice menor (-1,8%). Já o comércio varejista em Minas Gerais, de acordo com a pesquisa do IBGE, teve queda de 3,1%.
Supermercados
De acordo com o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (AMIS), Antônio Claret, no acumulado do ano até maio, o crescimento do setor é de 3,28%. No entanto, já há indicativos de queda nas vendas, e a previsão é de que em dezembro o balanço seja de um crescimento de 0,5%.
“A gente sentiu no mês de maio uma redução de mais de 2% em relação a abril, e vem caindo desde março. A tendência é continuar caindo. O consumidor está comprando o mais básico, e o básico está com variação de preços indesejável. E isso é muito ruim para todos nós”, argumenta Claret.
Juros, inflação e desemprego dificultam recuperação
diminuição do consumo do brasileiro no comércio é consequência direta da alta do desemprego, que alcança 11,2% no país; da inflação acumulada em 9,32% nos últimos 12 meses e da falta de crédito com as altas taxas de juros praticadas no país. A taxa Selic está em 14,25% e os juros do cartão de crédito alcançam o recorde de 447,4% ao ano.
“O que a gente sente é que a crise ainda está rondando o setor de alimentos e o de supermercados. O setor de supermercados tende a ser o último a ser atingido, mas o pé no freio já está acontecendo. O consumidor está tendo que trocar o hábito de consumo, e isso até ajuda a controlar o mercado”, afirma o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (AMIS), Antônio Claret.
Esses índices contribuem para que a crise econômica ainda não dê indícios de que irá terminar em breve. Na opinião de especialistas, o chamado fundo do poço só deve chegar em setembro, após o encerramento do processo de impeachment. “Infelizmente ainda tem essa instabilidade política, que inibe novos investimentos no mercado. A queda já soma 14 meses, mas deve completar, pelo menos, 18 meses”, avalia o vice-presidente da CDL, Marco Antonio Gaspar.
Comércio em BH
O comércio em Belo Horizonte tem diminuído a sua intensidade da queda, mas ainda apresenta índices negativos. Pesquisa divulgada ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BH) mostra que a queda em maio foi menor do que a de abril (veja infográfico)[/TEXTO].
No entanto, Marco Antonio Gaspar avalia que ainda não é possível comemorar.
“O grande problema é que os números não estão se mostrando positivos para o próximo semestre em matéria de desemprego e inflação, por exemplo. Isso não dá novos ares para a nossa economia. Mas, em contrapartida, o segundo semestre tem faturamento melhor porque tem o 13º salário e o Natal”, avalia o vice-presidente da CDL.
Veículo: Hoje em Dia