A abertura de capital do Carrefour Brasil, que movimentou R$ 4,972 bilhões em meados de julho, contou com um protagonista de última hora: a gestora americana de fundos Oppenheimer. Poucos instantes antes de o prazo para pedidos de reserva das ações se encerrar, o Oppenheimer entrou com uma ordem de compra de US$ 250 milhões, segundo o Valor apurou. Em reais, esse montante equivalia a 15,8% do valor da oferta.
O volume fez banqueiros e executivos da varejista respirarem aliviados. A partir desse pedido - o último a entrar - seria possível fechar a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) com conforto, sem ter de mexer nas condições propostas inicialmente no lançamento da operação, como preço e quantidade de ações, além de garantir uma boa alocação entre investidores de diferentes perfis.
A gestora Oppenheimer acabou não ficando com 100% dos papéis solicitados, mas o volume investido ficou bastante próximo dos US$ 250 milhões, disse ao Valor uma pessoa envolvida na transação. Diante do voto de confiança dado à companhia, a alta cúpula do Carrefour já fez até uma visita de cortesia ao Oppenheimer, em Nova York.
Num primeiro grande teste para o mercado de capitais brasileiro depois da delação premiada dos irmãos Batista feita em maio, o preço dos papéis do Carrefour foi fixado no dia 18 de julho no piso da faixa indicativa de preço, que ia de R$ 15 a R$ 19. Na última quarta-feira, as ações fecharam o pregão cotadas a R$ 16,15, com valorização de 0,44%.
"Foram dias tensos, mas com um final feliz", comentou o empresário Abilio Diniz no dia da estreia dos papéis na bolsa de valores. Acionista vendedor do Carrefour, Abilio dava pistas sobre o desafio que foi concluir o IPO.
O Carrefour não é a única companhia brasileira na qual o Oppenheimer detém uma fatia relevante. Por meio de seus fundos, a gestora também possui participação na rede de ensino superior Estácio, na varejista Lojas Americanas e na B3.
Com US$ 243 bilhões sob gestão no fim de agosto, o Oppenheimer tem fundos com diferentes estratégias de investimento. O Emerging Markets Equity, com US$ 42,9 bilhões em ativos administrados, é voltado para a compra de ações de empresas em países emergentes.
Procurado, o Carrefour não comentou as informações. O Oppenheimer não retornou o pedido de entrevista até o fechamento da reportagem.
Fonte: Valor Econômico