O Grupo Carrefour apresentou no terceiro trimestre deste ano crescimento de 125,6% do lucro líquido, para R$ 562 milhões, e de 5,3% nas vendas brutas, impulsionadas pelas aberturas de lojas. A empresa reforçou o foco na 'expansão equilibrada' do negócio, na contramão do concorrente Grupo Pão de Açúcar (GPA), que tem concentrado a abertura na bandeira de atacarejo.
A estratégia, segundo o CEO da Carrefour no Brasil, Noël Prioux, já mira um cenário de recuperação da economia, quando a empresa poderia capturar os benefícios do investimento na expansão do Atacadão, do Carrefour Express - modelo de conveniência -, e do lançamento recente do e-commerce de alimentos. "Esperamos que o ambiente econômico continue melhorando gradualmente nos próximos trimestres, quando poderemos observar os benefícios de nossa expansão contínua, tanto do Atacadão quanto do Carrefour Express", afirmou.
Nos últimos doze meses, o grupo abriu 72 novas lojas, sendo 16 da bandeira Atacadão e 53 Express. Com as inaugurações, a área de vendas foi ampliada em 6,2%. Além do foco na expansão das operações, o executivo reforçou a continuidade de iniciativas de ganho de produtividade e eficiência em todos os negócios do grupo.
O crescimento expressivo do lucro líquido no trimestre ocorreu, principalmente, por créditos tributários não recorrentes. No período, foram reconhecidos créditos de ICMS-ST no total de R$ 750 milhões. Descontados do valor algumas despesas extraordinárias registradas no período, a linha de outras receitas e despesas operacionais somou R$ 401 milhões. Excluindo o montante, o lucro teria sido bem menor, com expansão de só 17,5%, na comparação anual.
Nos nove primeiros meses do ano, o lucro líquido somou R$ 1,002 bilhão, 56,8% a mais do que o valor registrado no mesmo intervalo do ano passado. Desconsiderando as receitas e despesas não recorrentes o valor cai para R$ 793 milhões, com alta de 14,6%.
Em relação as vendas brutas, a empresa registrou crescimento de 5,3% no intervalo de julho a setembro, faturando R$ 12,9 bilhões. O resultado foi impulsionado em grande parte pelas aberturas de novas operações, já que na base mesmas lojas (que considera apenas unidades abertas nos últimos doze meses) a alta foi de só 1,1%. Para o comando do grupo, o desempenho foi positivo, considerando o quadro desafiador. "Tivemos um resultado forte em um cenário marcado pela queda acentuada dos preços de alimentos", afirmou o CFO do Carrefour, Sébastien Durchon, em teleconferência com analistas realizada ontem.
O crescimento do período foi puxado pelo Atacadão. A bandeira de atacarejo apresentou um avanço das vendas brutas de 5,6%, que totalizaram R$ 8,5 bilhões. Já as vendas 'mesmas lojas' avançaram 1,6%, frente igual intervalo do ano passado. Segundo o presidente do Atacadão, Roberto Mussnich, o avanço foi impulsionado pela forte expansão da rede. "Inauguramos oito lojas no ano, das quais quatro foram no terceiro trimestre", afirmou.
Ele destacou ainda que a companhia, que foi muito impactada pela deflação de alimentos, conseguiu compensar o efeito negativo com um aumento consistente do volume de produtos vendidos e do tíquete médio das compras.
O segmento Carrefour Varejo (supermercados, hipermercados, lojas de conveniência e e-commerce) registrou um crescimento menor no terceiro trimestre, de 5% nas vendas brutas e de 0,1% na base 'mesmas lojas'. Alem disso, a área viu uma queda da margem bruta, que caiu 0,5 ponto percentual. A redução se deu, de acordo com a empresa, pela maior participação do e-commerce no 'mix' de formatos, já que a operação possui uma margem de lucro menor, e pelo crescimento do share dos produtos eletrônicos, também com menor rentabilidade.
Na teleconferência, a empresa destacou ainda o crescimento expressivo da área de soluções financeiras, que cresceu 22,5%, atingindo um faturamento de R$ 4,93 bilhões. Ajudou para o avanço o início da operação do cartão de crédito Atacadão, cuja implementação foi finalizada completamente em outubro. Segundo a empresa, já foram emitidos mais de 474 mil cartões da bandeira, e o resultado tem sido um aumento de 15% no tíquete médio dos usuários.
Fonte: DCI São Paulo