O Grupo Carrefour se rendeu ao discurso global em favor de uma alimentação mais saudável. Para elevar sua aposta em orgânicos, a empresa fechou parceria com produtores regionais. A meta da varejista francesa é chegar até 2019 com uma seção especial destes itens em todas as unidades.
“O que muda daqui para frente é o maneira de produzir. Se é possível na Europa, no Brasil também podemos começar. Queremos vender cerca de R$ 5 bilhões em produtos orgânicos até 2022”, afirmou o CEO da varejista, Noël Prioux. Segundo ele, o novo posicionamento – batizado como Act For Food – tem escala global e implica desenvolvimento de novas parcerias com produtores locais a fim de ampliar o portfólio de produtos frescos e da marca própria do negócio.
Ele conta como se dará esse posicionamento afirmando que a rede de supermercados já comercializa ovos provenientes apenas de granjas onde as galinhas não ficam em gaiolas. “Já apoiamos mais de 400 pequenos produtores do Mato Grosso do Sul sobre como produzir, sem o aumento do desmatamento”, explica o CEO.
Segundo Prioux, até o final do ano, o Carrefour abrirá mais 45 lojas nos formatos supermercados e hipermercados, as quais seguirão os conceitos sustentáveis do Programa Únicos. O projeto visa comercializar produtos alimentares com descontos fora do padrão estético tradicional. Para o ano que vem, entre o desenvolvimento de novas frentes estratégicas e a abertura de novas lojas, a rede varejista francesa prevê investimento de R$ 1,8 bilhão no Brasil. “Produtos fora do padrão estético chegam a ser 30% mais baratos”, afirma o executivo durante entrevista.
Em linha com o novo posicionamento em prol da sustentabilidade, ele lembrou a importância da marca própria do Carrefour. “Produtos deste tipo são mais baratos, vamos diminuir nossa margem sobre cada unidade vendida e apostar no volume comercializado”, argumentou Prioux
Ainda de acordo com ele, esses itens próprios são em torno de 15% mais baratos do que os de marcas convencionais. No entanto, um dos desafios mencionados pelo executivo diz respeito à eficiência do área de supply chain para a entrega de itens frescos e orgânicos às unidades da rede.
“O problema é a dificuldade logística, por isso estamos expandindo todas as nossas unidades”, disse ele, destacando o fato de que é importante que tais novos negócios estejam localizados mais perto dos produtores parceiros, responsáveis pelo fornecimento. “Produtos locais são o tesouro do Brasil, isso também deve mudar a maneira de comprar alimentos orgânicos e a cadeia logística deles”, explica Prioux.
Ao ser questionado sobre uma possível influência do clima político do País em investimentos futuros da rede, Prioux ressaltou que “o Brasil precisa de um governo que tenha um projeto em comum, com um crescimento de PIB mais forte e a presença de mais investidores.”
Fonte: DCI