O avanço das grandes redes supermercadistas e lojas de atacarejo, principalmente no interior de Minas Gerais, estimulou a formação de uma aliança estratégica para garantir a sustentabilidade dos pequenos e médios supermercados do Estado.
Para ganhar poder de negociação e concorrer com as grandes corporações supermercadistas foi criada a central das centrais de negócios mineiras: a Super Central de Minas (SCM).
A entidade reúne 14 centrais de negócios do Estado e tem um faturamento estimado em mais de R$ 4,5 bilhões ao ano.
De acordo com a Associação Mineira de Supermercados (Amis), as redes que se uniram para formar a Super Central de Minas são: a Unissul, Minipreço, Ilustre, SuperMais, Opa, Minas Super, União, Uai, Cergran, Maxsul, Rede Minas, Via Real, Cerrado e Giroforte.
Somadas, as redes envolvidas totalizam 446 lojas no Estado e estão distribuídas por quase todas as regiões de Minas, com exceção da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e do Norte do Estado. O diretor da Super Central de Minas e gestor da Rede SuperMais, Cláudio Fonseca Caetano, explicou que a ideia é unir as centrais existentes em Minas Gerais em uma grande central.
“Hoje, temos 32 centrais cadastradas na Amis e, a princípio, 14 irão participar da Super Central. Tão logo a estruturação seja concluída, as demais, que tiverem interesse, poderão se associar também. É importante ressaltar que a SCM nasce com valores muito fortes, de verdade, transparência, valores morais e profissionais”.
A Super Central está em processo de estruturação, com seleção de espaços e funcionários, incluindo a escolha de um gestor. A ideia é abrir um escritório em Belo Horizonte ou em Contagem, a escolha do município se dará pela melhor logística. Também fará parte da estrutura um centro de distribuição (CD).
As expectativas em relação à atuação da Super Central são positivas e importantes gargalos enfrentados pelos pequenos e médios supermercados poderão ser resolvidos.
Um dos principais desafios, por exemplo, é referente aos cartões de alimentação, que são amplamente utilizados pelos consumidores, porém, as taxas nos supermercados de pequeno e de médio portes são altas, o que gera perdas para o setor. Com a união das centrais, o objetivo é ganhar força e conseguir melhores negociações juntos a fornecedores e prestadores de serviços.
“Grande parte do nosso faturamento está nas mãos das empresas de cartões de alimentação. Estas empresas cobram taxas de administração altíssimas do comércio de pequeno porte. Para os grandes, as taxas são muito mais baratas. Somente com o volume que estamos atingindo com a Super Central é que conseguiremos negociar com eles, caso contrário, nem nos atendem, infelizmente. Este é apenas um dos problemas que pretendemos resolver”.
Ainda segundo Caetano, o objetivo é centralizar o que for possível para reduzir os custos e gerar competitividade para que as empresas envolvidas consigam concorrer de forma justa com os empreendimentos de grande porte.
“Hoje, os nossos concorrentes são grandes corporações que têm acessos a condições diferenciadas que não temos. Com os números que vamos trabalhar, seremos maiores que muitos concorrentes”, disse Caetano.
Criação – O diretor da Super Central de Minas e gestor da Rede SuperMais, Cláudio Fonseca Caetano, explica ainda que a ideia de criar uma central das centrais já havia sido trabalhada há cerca de dois anos no Estado. Porém, o projeto avançou após a realização do Fórum das Centrais de Negócios no ano passado.
No evento, que é promovido pela Amis, foram apresentados cases de sucesso, discutidos temas relevantes e abordadas questões para o desenvolvimento do setor com o objetivo de estimular o surgimento ideias novas e construir estratégias inovadoras.
“No Fórum de 2019, houve a participação de representantes da Central de Redes de Supermercados do Rio Grande do Sul (Redecen). A entidade é um case de sucesso e um modelo do que queremos fazer em Minas, que é unir as diversas centrais em uma super central para ganharmos, realmente, as forças que precisamos para enfrentar as grandes corporações do setor de supermercados”, disse Caetano.
Ainda conforme o diretor da Super Central, a criação das centrais de negócios começou muito forte nos anos de 1990 e se consolidou na mesma década. A união dos pequenos e médios supermercados tornou-se necessária para que eles ganhassem força e condições de concorrerem com a expansão das grades redes de supermercados principalmente pelo interior dos estados.
“Com a chegada das grandes redes nos interior, os supermercados independentes se sentiram pressionados e começaram a se unir em grupos para fazer compras em maior volume para obter melhores preços. Agora, o mesmo movimento de 20 anos atrás, devido à nova interiorização das multinacionais e com o aumento de lojas de atacarejo, tornou-se necessário para promover um novo fortalecimento das centrais de negócio, por isso, a criação da Super Central de Minas”.
Fonte: Diário do Comércio