Ir ao supermercado, fazer uma simples caminhada ou andar de táxi foram as três atividades apontadas pelos brasileiros como as de maior intenção de serem feitas no curto prazo, assim que o isolamento social terminar. A constatação é do estudo "O Processo de Retomada das Atividades pelos Consumidores", desenvolvido pela HSR Specialist Researchers. A pesquisa dividiu essa retomada no curto, médio e longo prazo, considerando curto a intenção imediata das pessoas na realização daquela atividade, médio são as que tendem a acontecer no primeiro semestre de 2021 e longo são as que devem ocorrer somente daqui a dois anos.
As prioridades entre as ações a serem realizadas no curto prazo são, na ordem: "ir ao supermercado fazer minhas compras" (para 79% dos entrevistados), "fazer caminhadas e corridas ao ar livre" (47%), "andar de Uber ou táxi" (40%), "ir a médicos para consulta de rotina" (38%) e "ir a igrejas, templos ou a outros locais religiosos" (31%).
Ainda segundo o estudo, 27% dos entrevistados dizem que não vão parar nunca mais de higienizar todos os produtos quando voltarem do supermercado e 9% afirmam que farão isso durante os próximos dois anos. Entre o público entrevistado, 21% sinalizam que jamais voltarão a "pegar coisas e encomendas do correio sem fazer higienização ou sem proteção". Mas como ficará a retomada de shows, partidas esportivas e viagens? Para mais de 20% da amostra entrevistada, são atividades que precisarão aguardar pelo menos dois anos para voltar a acontecer na vida deles e em alguns casos, nunca mais.
De modo geral, as pessoas se imaginam retomando o convívio social somente no médio prazo, portanto jantares (45%), abraços (43%) e encontros com amigos e parentes (45%), ainda terão que aguardar um pouco. O estudo dava opção de mais de uma resposta. Assim, "ir a jantar na casa de amigos/parentes", "receber amigos e familiares em casa ou fazer reuniões sociais", "visitar parentes ou amigos idosos nas suas casas" e "sair à noite para restaurantes e bares" tiveram o mesmo índice de resposta, mencionadas por 45% da amostra pesquisada como intenção no médio prazo.
A pesquisa foi realizada entre 15 e 22 de junho, ouvindo 2,2 mil pessoas por meio de painel virtual, incluindo homens e mulheres das classes sociais A, B e C, nas principais capitais brasileiras.
Para a retomada de atividades e, principalmente, reabertura do comércio funcionar é preciso cautela. Segundo Carlos Eduardo Gonçalves, economista do Por quê?, plataforma da BEI Educação, em primeiro lugar, é preciso ter ocorrido um bom isolamento para a pandemia ter uma progressão mais lenta. Sem isso, muitas pessoas precisarão de assistência médica ao mesmo tempo e o sistema de saúde não aguenta por falta de leitos e respiradores suficientes.
Segundo o economista, entretanto, a estratégia de reabertura deve ser inteligente. "É necessário desenho de política pública bem feito. A prioridade tem de ser a testagem rápida, o uso de máscara deve ser obrigatório em todos os ambientes, e deve ser possível realizar medições de temperatura antes de entrar em espaços específicos, como shopping, fábricas e empresas", diz. Outra alternativa defendida pelo especialista para o mercado de trabalho é criar esquemas de revezamento de forma que os funcionários não trabalhem todos juntos nos mesmos ambientes a semana inteira.
Fonte: Monitor Mercantil