Quarta-feira e sábado eram, tradicionalmente, os dias de promoção no Carrefour e em outras redes de varejo concorrentes. Promoções pontuais de diversos produtos eram divulgadas nas lojas e costumavam atrair os consumidores.
Desde o início da pandemia, a rede francesa mudou seu modelo promocional no Brasil para deixá-lo mais simples, mais eficiente e mais atraente para o consumidor. As promoções ficaram mais longas e duram no mínimo uma semana contra promoções de apenas um dia antes. Isso não apenas facilita o trabalho constante de trocas de etiquetas e melhorou a produtividade nas lojas em 25%. Também dilui as visitas dos consumidores pela semana, no lugar de concentrar em dois dias na semana.
O número de itens com promoções caiu 60% e o Carrefour decidiu focar em produtos mais básicos e essenciais. Além das promoções, a varejista decidiu manter preços baixos nos produtos de sua marca própria. Em 39 categorias, a marca própria tem os preços mais baixos em relação aos concorrentes. Investimos em produtos commodity, que todo cliente precisa, e fizemos promoções na semana completa, com baixa de preço permanente, diz Luis Moreno, presidente de varejo da rede.
A estratégia deu certo: houve aumento de 30% no volume de vendas de produtos de grande circulação da marca própria e aumento total de vendas de 18% da marca própria.
Resultado
A empresa cresceu 28,8% no varejo e 31,8% nos hipermercados, duas vezes acima do mercado, segundo levantamento feito pela Nielsen. O Carrefour Brasil teve alta de quase 75% no lucro ajustado do segundo trimestre ante mesmo período de 2019, ajudado pela aceleração das vendas em meio à pandemia da covid-19 e por crescentes esforços para controle de despesas.
O desempenho operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado avançou 27,5% ano a ano, para 1,42 bilhão de reais. Já o lucro foi de 713 milhões de reais de abril a junho, ante 408 milhões de reais em igual intervalo de 2019, segundo o balanço.
Como resposta, as ações do Carrefour estavam subindo 7,7% às 11h40, a maior alta do dia.
A lucratividade foi a surpresa mais agradável no trimestre, diz relatório do Credit Suisse. Os resultados do segundo trimestre vieram acima das expectativas nossas e do mercado. Reconhecemos que o momento induzido pela covid não irá durar para sempre, mas os resultados mostraram, na nossa visão, bons sinais, como ganhos de eficiência, menor ruptura e assertividade na estratégia promocional.
Comércio eletrônico
Outra grande alavanca do crescimento do Carrefour foi o seu comércio eletrônico, que atingiu vendas de 918 milhões de reais, alta de 94%. Essas vendas incluem as parcerias com os serviços de entrega rápida, como Rappi e Cornershop. As vendas apenas do site do Carrefour cresceram 119%, enquanto o mercado avançou 80% segundo a E-bit.
Se antes esse formato de vendas estava focado em produtos não alimentares, que cresceram 65% no trimestre, dessa vez foram os alimentos e bebidas que puxaram a alta, com aumento 377% nas vendas. Cerca de 7% das vendas de alimentos e bebidas já é feita pela internet e 60% dos carrinhos de compra tem algum item perecível.
O crescimento não dá sinais de desacelerar. Em junho, os patamares de venda na internet foram acima da Black Friday no ano passado. A empresa também está usando as side stores, ou estoques voltados especialmente para o comércio eletrônico, para avançar nas vendas. A grande mensagem é mostrar o quanto conseguimos acelerar a transformação digital, diz Sebastien Durchon, vice-presidente financeiro. É possível até dobrar as vendas com a capacidade instalada que temos hoje, com as side stores.
Fonte: Exame