Pequenos buscam longa vida para embalagens

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Produzir e vender gerando menos resíduos é um desafio que agrega cada vez mais pequenos empreendimentos do setor de embalagens - desde a concepção de novos modelos ambientalmente adequados até soluções para a sua reciclagem. "Expandem-se os usos para caixas de suco e leite após o consumo e para as aparas geradas na sua produção", revela Fernando von Zuben, diretor de meio ambiente da Tetra Pak.

 

A empresa planeja recuperar como matéria-prima industrial 40% das embalagens até 2014. "Para isso, é preciso promover a cadeia de reciclagem, capacitar catadores, desenvolver tecnologia e fornecer informações ao consumidor."

 

O papel, um dos materiais que compõem as embalagens longa vida juntamente com plástico e alumínio, é separado e utilizado na fabricação de papelão para caixas de transporte, além de papel reciclado para diversos fins, inclusive impressão e escrita. Com investimento total de R$ 1,5 milhão, duas novas instalações para reciclar o papel obtido de longa vida estão sendo construídas pela empresa na cidade de Goiana (PE), em parceria com a Klabin, e em Embu (SP), junto com a Suzano. "A expectativa é aumentar em 1,2 mil toneladas a atual produção média mensal, de 2,9 mil toneladas por ano", anuncia von Zuben.

 

O papel a partir de longa vida tem vantagem competitiva. Confere maior rigidez e qualidade ao produto final, porque suas fibras são longas e virgens - ou seja, não foram ainda recicladas, ao contrário do papelão comum.

 

O rejeito de plástico e alumínio das fábricas da Tetra Pak em Ponta Grossa (PR) e Monte Mor (SP), antes levado para aterros industriais ao custo de R$ 50 por tonelada, é hoje vendido por R$ 300 a tonelada para a fabricação de telhas e placas destinadas à construção civil. Vinte empresas de pequeno porte produzem 80 mil toneladas mensais desse material. A estimativa é a existência de um mercado capaz de absorver 50% mais.

 

Em Londrina (PR), a Sonoco recicla 100 toneladas mensais de longa vida para fazer tubos utilizados em bobinas para fabricação de novas embalagens. Já em Campinas, a Mercoplás absorve 60 toneladas por mês de embalagens pós-consumo para fazer papel e plástico reciclado para uso em diversos produtos, como vasos de planta. Ela fornece, por exemplo, para a Polaris, em Piracicaba (SP), que utiliza o material para fazer bases de vassoura, produzindo 15 mil unidades por mês. Na região a Tetra Pak mantém, em parceria com outras empresas, uma instalação com tecnologia de plasma que separa totalmente o plástico do alumínio contidos nas caixas longa vida. O plástico se transforma em parafina e o alumínio é derretido e ganha a forma de lingotes para voltar à fabricação de novos produtos. O material excedente que não entra nos reatores é encaminhado para a Confetti, empresa de Guarulhos que exporta sacolas e cadernos de material reciclado para os EUA.

 

"É preciso disseminar a cultura ambiental junto aos fornecedores para garantir os resultados da empresa nas próximas décadas", diz Jorge Lima, gerente de assuntos socioambientais da Unilever Brasil.

 

O desafio é desenvolver embalagens mais leves e de menor volume, que reduzam a quantidade de lixo, racionalizem o transporte das mercadorias e gerem menor impacto. "Em parceria com fornecedores, alteramos a logística de armazenamento de produtos dentro das fábricas para melhorar eficiência e evitar emissões de carbono, reduzindo a carga em 20%", afirma Lima. Ao adequar a produção a esses critérios, em um ano a empresa reduziu em 200 mil litros o consumo de água nos processos de lavagem na área de alimentos.

 

Entre as pequenas empresas do setor a CDPAK Tecnologia, de São Carlos (SP), patenteou o processo de fabricação de embalagens biodegradáveis à base de amido de mandioca. Após investimentos de R$ 8 milhões em dez anos, a empresa produz 200 mil peças mensais, com meta de atingir 700 mil mediante a compra de máquinas financiadas pelo BNDES, que detém 35% do capital da empresa. São copos térmicos e bandejas para alimentos, fornecidos a clientes como a LSG, maior empresa de catering aéreo do mundo.

 

Desde janeiro, as bandejas biodegradáveis são vendidas também para a Korin, produtora de alimentos orgânicos. Cláudio Borges, dono da empresa, diz que novos investimentos estão previstos para a produção de tubetes para o mercado de reflorestamento, substituindo o plástico por biodegradáveis.

 

Veículo: Valor Econômico


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