Fim das sacolas plásticas mobiliza supermercados

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Em abril o governador de São Paulo Geraldo Alckmin assinou um protocolo de intenções com a Associação Paulista de Supermercados (Apas) para a substituição das embalagens feitas à base de petróleo (as sacolas plásticas) nos supermercados do estado. O plano determina: a oferta das sacolinhas em São Paulo acaba em 25 de janeiro de 2012. Já a Câmara dos vereadores paulistana tenta aprovar lei que veta a venda e distribuição das mesmas na cidade. Não consegue porque alguns vereadores - como os ligados a sindicatos de trabalhadores da indústria petroquímica - são contra. Pelo projeto, os estabelecimentos que fornecerem as sacolas ficarão sujeitos ao pagamento de multas que oscilam entre R$ 50 mil e R$ 50 milhões.

 

São capítulos de uma novela que envolve questões ambientais, interesses econômicos e sociais e que espalha-se pelo País. Em 13 capitais já vigoram leis que restringem ou proíbem o emprego das sacolinhas. Em outras 9 grandes cidades há projetos nesta linha. O debate sobre o tema mobiliza o setor supermercadista nacional.

 

Empresas se organizam

 

Não é do varejo que vem a resistência ao fim das sacolas plásticas. De forma geral, as redes aceitam a medida e até se anteciparam a ela. É o caso do Grupo Pão de Açúcar.

 

"Nossa empresa está avançando em estudos para a eliminação das sacolas plásticas. Queremos também gerar alternativas à elas viáveis ao consumidor", declarou a empresa ao DCI. "A rede é pioneira em ações de consumo consciente e foi a 1ª a oferecer sacolas retornáveis, em 2005. Em 6 anos já comercializamos mais de 4 milhões de sacolas retornáveis. Hoje oferecemos 7 modelos de ecobags aos fregueses".

 

A substituição das sacolas é uma das prioridades do Pão de Açúcar: "Nestes anos, temos avançado em estratégias para o uso consciente de embalagens, como a oferta de caixas de papelão e alternativas de descarte pré-consumo, como o Caixa Verde, onde o consumidor pode depositar as embalagens de produtos antes de levá-los para casa, no próprio caixa", explicou a companhia. Ontem, o presidente do grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, foi convidado pela presidente Dilma Rousseff para a Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Competitividade, em reconhecimento à liderança empresarial e sócio-ambiental exercida por ele.

 

Cerco

 

As sacolas plásticas estão mesmo na berlinda. Difundidas no Brasil a partir dos anos 80, elas são feitas de polietileno de baixa intensidade (um derivado do petróleo) e sua degradação no ambiente demora, no mínimo, 100 anos. Cerca de 10% de todo o lixo gerado no Brasil é composto destas sacolinhas. Em todo o País são fabricadas 210 mil toneladas de plástico-filme ao ano, que é empregado na confecção de 18 bilhões de sacolas. O processo de produção das mesmas é intensivo de energia, além de resultar em grande quantidade de resíduos industriais.

 

São fatos assim que levaram Belo Horizonte (MG) a decretar no mês passado o banimento das sacolas plásticas à base de petróleo em favor daquelas feitas de material retornável ou biodegradável. Cuiabá (MT) e Rio de Janeiro já fizeram o mesmo. Mas há resistências. Entidades como o instituto Plastivida alegam que a produção de sacolas alternativas gera ainda mais gás carbônico que a das sacolas de plástico. O instituto defende - com pouco sucesso - medidas que garantam o descarte responsável do produto, ao invés de seu banimento.

 

Apas

 

Além do Pão de Açúcar, outros grandes players do setor já se anteciparam ao fim das sacolinhas. "A eliminação das sacolas plásticas tradicionais é uma ação decisiva do Carrefour na defesa e preservação do meio ambiente", afirma o grupo francês. "Atualmente comercializamos 6 modelos de sacolas reutilizáveis. Além disso, caixas de papelão são oferecidas gratuitamente para que os clientes possam acomodar suas compras. Nas unidades em que as sacolinhas plásticas deixaram de ser distribuídas, os consumidores encontram também sacolas biodegradáveis compostáveis. Vale ressaltar que o Carrefour Brasil possui um cronograma de ações para todas as regiões do País voltadas à eliminação do uso das sacolinhas até 2014". Estratégia semelhante tem o Walmart, o qual firmou como meta reduzir o uso de sacolas plásticas em pelo menos 50% até 2013 nas suas lojas de todo o Brasil.

 

A posição da Apas nesta questão parece definir bem a do conjunto do varejo brasileiro: "É excelente a ideia de banir as sacolas plásticas dos supermercados", afirma seu presidente, João Galassi. "O acordo de cooperação assinado entre a APAS e o governo paulista neste sentido fará com que 2,4 bilhões de sacolinhas deixem de ser enviadas aos aterros todo mês só no Estado de São Paulo. O plástico, ao ser descartado nas vias públicas, entope bueiros, causa enchentes e chega aos rios e mares causando a morte de animais por asfixia. Precisamos por um fim nisto", finaliza.

 


Veículo: DCI


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