A oferta de serviços que o varejo presta ao consumidor vai crescer muito com o descarte regulamentado de itens usados para reciclagem. Produtos eletroeletrônicos, remédios, embalagens, óleos, lubrificantes e lâmpadas são itens que passarão a ter descarte controlado de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Os pontos de venda terão papel de destaque nos processos a serem determinados pelo Plano, que está em discussão em vários ministérios do governo federal, com conclusão prevista para novembro. Alguns deles, como baterias e pilhas usadas, já podem ser descartados pelos consumidores em muitos pontos de venda, por força de legislação municipal ou outras. A empresa de lâmpadas fluorescentes Avant é uma das que se antecipou à obrigação futura, instalando urnas coletoras de lâmpadas fluorescentes em lojas que vendem seus produtos.
"A coleta, descontaminação e reciclagem de lâmpadas fluorescentes passarão a ser obrigatórias no Brasil a partir do segundo semestre de 2012. Segundo a lei, fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e cidadãos terão responsabilidade na correta destinação dos produtos, o que ainda depende da definição de um modelo de logística reversa para esse fim", diz o diretor comercial da indústria, Gilberto Grosso.
A Avant distribuirá 5 mil urnas de coletas no Brasil, começando pelas cidades onde já há legislação municipal sobre o assunto. Desde 2009, a empresa assegura que os produtos usados que chegam à matriz sejam enviados para descontaminação e não sejam jogados no lixo comum (as lâmpadas possuem mercúrio, danoso ao ambiente). "No ano passado, recebemos R$ 1,6 milhão em produtos para reciclagem," afirma o diretor.
Iniciativas como a da Avant estão servindo para mostrar as dificuldades do processo de coleta. "O processo de descontaminação custa entre R$ 0,37 e R$ 0,70 por unidade. Cada urna custa R$ 95, fora o frete reverso para reciclagem", informa Grosso. "O custo é alto. Hoje, estamos assumindo-o para beneficiar a marca com a imagem de preservação do ambiente." Os produtos se tornaram muito parecidos, diz o diretor, e os diferenciais que os fabricantes usam são justamente qualidade, serviços e a imagem de sustentabilidade.
Mas, a partir do final do ano, o cenário será diferente, com o aumento do volume, diz o executivo. "Alguém vai ter que pagar a conta. O fabricante tem que repassar seus custos", completa.
A Avant estima que sejam consumidas no País anualmente em torno de 250 milhões de lâmpadas fluorescentes tubulares e 150 milhões compactas. No entanto, as peças que recebem destinação adequada atualmente não chegam a 2% desse montante.
Diversas entidades de classe participam de reuniões com o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos, responsável pela elaboração do plano nacional. "Todo mundo está envolvido e trabalha para ajudar o governo a regulamentar a Lei de Resíduos Sólido", explica Sidney Anversa, diretor de Embalagens da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).
As empresas também apontam o papel da educação do consumidor como fundamental para o processo do descarte ambientalmente correto funcionar. "Principalmente o consumidor doméstico tem dificuldades para saber onde estão os postos de coleta e continua preferindo descartar no lixo comum", informa Grosso, da Avant.
Veículo: Diário do Comércio - SP