Ações para um mundo sem retorno

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Após acabar com sacolinhas, supermercados de Jundiaí irão retirar bandejas de isopor e saquinhos para frutas e verduras

 

Jundiaí quer ajudar a tirar o planeta do sufoco e tem se esforçado para isso. Exato um ano depois de dar início à campanha que retirou cerca de 270 milhões de sacolinhas plásticas do meio ambiente, outras embalagens como bandejas para carne e sacos para hortifrúti vão sumir dos supermercados até o fim do ano.

 

O isopor utilizado para embalagens no Brasil chega a 18 mil toneladas ao ano e, segundo a APAS (Associação dos Supermercadistas do Estado de São Paulo), ainda não há uma estimativa da quantidade utilizada em Jundiaí.
“Estamos mapeando esse setor e estudando alternativas para tirar esse material  do mercado”, explica o vice-presidente da associação, Edivaldo Bronzeri.

 

Para substituir o isopor , que não se decompõe na natureza e cujo o  processo de reciclagem é difícil e caro, a empresa Eco Ventures está desenvolvendo duas alternativas de materiais: biodegradável (amido de milho e polietileno-plástico) ou compostáveis (palhada ou estrume).

 

João Paulo Mignot, diretor técnico da Eco Ventures afirma que as bandejas dos  materias se decompõem em menos de dois anos. “E isso independe da espessura da bandeja”, afirma.

 

Segundo ele, o plástico filme usado nas bandejas também será feito de material biodegradável e levará o mesmo tempo para desaparecer.

 

O outro “vilão” a ser substituído está em teste em alguns supermercados da cidade. O saquinho para frutas e legumes, também será feito de material biodegradável, como as sacolas alternativas para comportar as compras, atualmente vendidas por R$ 0,19. A diferença é que não serão comercializados.

 

Segundo o secretário de Planejamento e Meio Ambiente, Jaderson Spina, essas novas iniciativas só são possíveis graças à consciência ambiental conseguida com a campanha que tirou as sacolinhas plásticas do supermercado, apesar das reclamações do preço.

 

“Mais importante é criar o hábito de se preocupar com o meio ambiente”, diz. Em um ano, 960 toneladas de plástico filme, matéria prima da sacolinhas, deixaram de ser descartadas.

 

Sustentável /A dona de casa Ivone Lúcia de Lima, 45 anos, conta que, há um ano, não gostou da iniciativa. “Achei um absurdo pagar para poder levar as compras”, lembra Ivone, que hoje em dia leva as próprias embalagens de casa. “Tenho mais de dez sacolas em casa e no carro. Depois de pegar o hábito, acredito que foi uma boa”.

 

A artesã Patrícia Vieira, 29, morava em Herculândia (na região de Marília) quando a lei passou a vigorar em Jundiaí. Quando voltou ao município, diz que comprou apenas uma ou duas vezes sacolas biodegradáveis. “O bom dessa ação é que a gente não vê mais aquele ‘bando’ de sacolas voando na rua”, afirma.

 

A gestora de uma rede de supermercados em Jundiaí, Roseane Firocana, 34, acredita que não há rejeição à iniciativa como no início achou que haveria. “Creio que todo mundo já acostumou”.

 

As preferidas / A dona de casa Ana Alice Chinatto, 58, coloca suas compras nas caixas de papelão disponíveis no mercado. “Lembro que no começo era uma briga para conseguir uma”, diz. “O que eu gostei nessa campanha é que incentiva a reciclagem.  Essa questão das sacolinhas é coisa de  hábito, costume”, ensina.

 

Ainda há polêmica pela cobrança das sacolinhas

 

A venda de sacolas ainda divide opiniões na cidade.  A encarregada de estoque Paula Brinati diz que leva os produtos na mão e se recusa a comprar sacolinhas biodegradáveis e retornáveis. “Ou supermercados ou governo têm que arcar com esses custos. É um absurdo o consumidor pagar por isso”, afirma.

 

Segundo o vice-presidente da APAS, Edivaldo Bronzelli, não há lucro para os supermercados com a renda desses produtos. “Todas as lojas têm notas fiscais. Se o consumidor quiser ver, é só pedir para a gerência. As unidades custam R$ 0,19 para o mercado e nenhum centavo a menos”, diz.

 

O presidente da Coopercica, Orlando Marciano,  diz que há um equilíbrio no balanço financeiro da rede com a mudança das embalagens.  “Apesar de economizarmos na aquisição de sacolas plásticas,  perdemos a receita com a venda de sucata de papelão”, já que as caixas são disponibilizadas como embalagens para os clientes.

 

A sacolinha tradicional, feita de plástico filme, custava R$ 0,03 a unidade e o preço acabava repassado aos clientes no custo dos produtos.

 

Para quem gosta das sacolinhas retornáveis, há várias versões disponíveis nos  mercados. Uma empresa norte-americana está negociando novos modelos de ecobags, que comportam até 12 quilos e tem uma placa de PVC no fundo da embalagem. Segundo a representante da Greenbags, Alexandra Katopodis, essas novas sacolas devem estar disponíveis em Jundiaí até o fim do ano e ainda não tem valor definido. Nos Estados Unidos elas custam US$ 1,2.  “Essas novas sacolas trazem a moda para dentro dos supermercados”, avalia.

 

Ação faz aniversário

 

Jundiaí se fez modelo da  campanha “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco” que completa um ano nesta quarta-feira (31).

 

A iniciativa tem por objetivo tirar as sacolas plásticas de circulação oferecendo sacolinhas biodegradáveis de R$ 0,19 ou retornáveis, que variam entre R$ 1,99 e R$ 5.

 

Mais de dez cidades do Estado e algumas capitais, como Belo Horizonte, já aderiram à campanha lançada aqui e, em janeiro, a ação se estenderá para todas as cidades do Estado. Em maio, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) firmou um acordo com a APAS.

 

Outros estão na mira.

 

A ideia agora é acabar com as sacolinhas nas farmácias e padarias de Jundiaí. O secretário de Planejamento e Meio Ambiente, Jaderson Spina, afirma que até o dia 13 de setembro serão definidas as diretrizes da campanha, que deve começar ainda este ano.

 

Veículo: Agência Bom Dia


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