Sindicato dos feirantes estima adesão em 90% e cogita distribuir de graça as sacolinhas que se degradam no ambiente
Depois dos supermercados, as feiras livres podem também abolir as sacolas plásticas na capital paulista. Mas, ao contrário dos mercados, é possível que os feirantes distribuam de graça as biodegradáveis para o consumidor. Quem afirma é o presidente do Sindicato dos Feirantes de São Paulo, José Torres Gonçalves.
"Ainda não temos prazo para a implementação da medida, primeiro temos de falar com o consumidor. Mas não vamos vender sacolinha. Vamos fornecer, de graça, a biodegradável", diz ele, que garante a adesão de 90% dos associados.
"Para nós, é um desperdício: o material é caro e não retorna", diz Gonçalves.
O presidente da Plastivida, Miguel Bahiense, diz que a ideia de distribuição gratuita é absurda.
"Não existe matéria-prima para suprir o mercado brasileiro com biodegradáveis. O Brasil usa, todo ano, 120 mil toneladas de polietileno de petróleo para fazer sacolas. No mundo todo, a quantidade de plástico biodegradável produzida não passa de 70 mil toneladas", argumenta.
Ele afirma que São Paulo consome 40% das 120 mil toneladas de plástico usadas como sacolas. "Hoje só há biodegradáveis nos supermercados porque eles fizeram estoque. Daqui a 40, 50 dias, vai começar a faltar."
Embora a lei paulistana do fim das sacolas tenha sido julgada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de SP, o acordo voluntário entre governo do Estado e Associação Paulista de Supermercados (Apas) pode alastrar a 'guerra' às sacolas para outros segmentos - e a inevitável cobrança pelas sacolinhas.
"Há quatro anos tentamos substituir as sacolas plásticas nas padarias, sem sucesso. O consumidor não lembrava de trazer a retornável", diz Antero Pereira, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de São Paulo. "A orientação é só dar a sacolinha quando o cliente pedir. Mas não descarto a possibilidade de cobrar por elas."
Dúvidas. Valquíria Furlani, assessora jurídica do Sindilojas, diz que hoje, dos 90 atendimentos diários que faz a associados, 50% são ligações sobre o acordo da Apas. "Os lojistas acham que têm de abolir as sacolas. Isso deveria ter sido mais esclarecido junto à população", opina.
Veículo: O Estado de S.Paulo