Reciclagem de embalagens pode render US$ 100 mi às siderúrgicas

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Há algum tempo a reciclagem tem sido menos um rótulo de comportamento politicamente correto para se tornar, cada vez mais, um sinônimo de economia de altas cifras para empresas. Depois do sucesso da reutilização de latas de alumínio no Brasil - índice que atualmente gira em torno de 97% - agora é a vez das embalagens de aço. Em cinco anos, a indústria siderúrgica poderá deixar de comprar o equivalente a quase US$ 100 milhões em minério de ferro, por ano, utilizando aço reciclado.

"A reciclagem de embalagens de aço é infinita, e esse produto pode voltar tanto para a cadeia automotiva quanto para a construção civil ou para o próprio segmento", afirma a gerente-executiva da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), Thaís Fagury. A ideia do projeto começou com uma viagem para a Europa em que a engenheira de alimentos visitou países como Bélgica e Suíça, onde o índice de reciclagem de embalagens de aço ultrapassa 97%. "Percebemos essa necessidade no Brasil e por isso iniciamos, há cerca de três anos, estudos para implantar essa prática por aqui", explica.

O próximo passo, segundo Fagury, foi adequar a nova entidade, a Prolata, à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A união de 15 grandes empresas do setor resultou no aporte inicial de R$ 1 milhão para criar um centro modelo de reciclagem, em São Paulo.

"Em 2011, o setor produziu 600 mil toneladas de embalagens de aço, das quais 280 mil toneladas foram recicladas e totalmente absorvidas pela siderurgia", destaca Fagury. Em cinco anos, a expectativa da Prolata é reutilizar até 70% da produção nacional. A gerente-executiva da Abeaço explica que, a cada tonelada de aço reciclada, a siderurgia deixa de comprar 1,5 tonelada de minério de ferro. "Esse processo é rentável para as siderúrgicas e ambientalmente correto", ressalta Fagury.

Economia é a palavra-chave. Se a previsão da Prolata se confirmasse hoje, a siderurgia nacional deixaria de comprar 630 mil toneladas de minério de ferro, o equivalente a quase US$ 100 milhões. Mas a tarefa não será fácil. "Grande parte dos investimentos será direcionada à conscientização ambiental", diz Fagury.

Segundo a executiva da Abeaço, o ciclo de reciclagem começa com os sucateiros, que vendem o material a cooperativas que, posteriormente, repassam a sucata para centros de coleta. "A ideia da Prolata é que cooperativas negociem diretamente com as siderúrgicas para maior geração de renda", diz. Ela explica que a grande dificuldade do catador é para quem vender o material coletado. "Estamos trabalhando para que o sucateiro possa ser mais bem remunerado na cadeia", diz a engenheira de alimentos.

Modelo de sucesso

O Brasil já é campeão na reciclagem de outro metal importante, o alumínio. Segundo dados mais recentes da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), em 2010 foram recicladas 97,6% das latas de alumínio para bebidas produzidas no País. Boa parte dessa quantidade vem da fabricante de laminados Novelis.

"Possuímos seis centros de coleta de latas de alumínio espalhados pelo País", afirmou ao DCI o diretor de Reciclagem da Novelis, Carlos Roberto de Morais. Segundo o executivo, em 2011 a empresa reciclou 50% de sua fabricação de laminados, tipo de alumínio que atende ao nicho de latas de bebida.

Em 2012, esse índice deve subir para 60%. "O mercado tem crescido a cada ano e estamos nos preparando para atender essa demanda também com a reciclagem. Hoje, metade das latas para bebidas comercializadas no País vem da Novelis", diz.

O processamento de reciclados da Novelis acontece na unidade de Pindamonhangaba (SP), que no ano passado recebeu um aporte de US$ 32 milhões da matriz norte-americana. "Utilizaremos essa cifra para a expansão da linha de reciclagem, que para a empresa é fundamental", diz Morais. Ele destaca que o alumínio remunera a cadeia toda, por isso essa prática já é comum, no Brasil. "Qualquer pessoa pode receber essa fatia do bolo", afirma o executivo da Novelis.

Para que o setor de embalagens de aço tenha o mesmo êxito que o de latas de alumínio, o diretor da Novelis destaca duas práticas fundamentais. "Conscientização acerca da reciclagem e remunerar toda a cadeia. O sucesso todo está no modelo de negócio", diz. Morais destaca ainda que, em breve, a matéria-prima ficará escassa. "Por isso a reciclagem é importante, pois o alumínio é infinitamente reciclável", ressalta.

Morais afirma que a ampliação da capacidade do setor de reciclagem de Pindamonhangaba deve saltar de 150 mil para 200 mil toneladas por ano.

A companhia tem ainda como meta aumentar para 80% a quantidade de metal reciclado em suas operações de laminação até 2020.


Veículo: DCI


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