Campanha paulista eleva onda restritiva que ganhou adeptos na Ásia, na África, na Europa e nos EUA nos últimos anos
Especialista critica o acordo supermercadista de SP em razão de não ter sido precedido por pesquisa de opinião
O fim da distribuição de sacolinhas pelos supermercados de São Paulo, que começou a vigorar na quarta-feira passada, segue uma tendência que ganha fôlego em várias partes do mundo.
Embora o fornecimento das sacolas plásticas pelo varejo ainda seja liberado em vários países, como a vizinha Argentina e o distante Irã, um número crescente de nações ou cidades tem adotado alguma forma de restrição.
Bangladesh, na Ásia, tem uma das histórias mais antigas de proibição, que vigora desde 2002, depois de o entupimento de bueiros por plástico ter sido identificado como o fator responsável por uma inundação que devastou o país em 1998.
Em diversos países africanos (como Ruanda, Quênia, Uganda e Somália), o varejo também é proibido de distribuir as sacolinhas.
Na China, o varejo de todo o país é obrigado a cobrar pelas sacolas desde 2008. Um estudo da Universidade de Gotemburgo (Suécia), divulgado em 2010, indicou queda de 50% no consumo das sacolinhas no país depois da adoção da medida.
EUA E EUROPA
Nos EUA, não existe uma regra nacional sobre o tema. San Francisco é considerada a cidade pioneira do país na decisão de proibir o fornecimento de sacolas plásticas, a partir de 2007.
Em Washington, a distribuição não é proibida, mas os supermercados são obrigados a cobrar por elas. Em Nova York, não há restrições.
Medidas restritivas são comuns na Europa, embora as regras variem de um país para o outro. No Reino Unido, por exemplo, as sacolinhas não são proibidas, mas há um compromisso das grandes redes de reduzir o consumo.
O acordo ajudou a diminuir em 40% o uso de sacolas no país entre 2006 e 2009, mas em 2010 o consumo aumentou, provocando reação do governo. Na Irlanda, é cobrada uma taxa pelo uso de sacolinhas desde 2002, e em países como a Itália a distribuição é proibida.
Em 2011, a União Europeia promoveu uma pesquisa de opinião sobre o uso das sacolinhas, respondida por 15 mil pessoas: 70% se manifestaram a favor da proibição da distribuição das sacolinhas.
Depois do resultado, organizações não governamentais pressionaram as autoridades europeias para banir o fornecimento de sacolas no bloco.
O especialista Roberto Nascimento de Oliveira critica o fato de que o acordo para a proibição das sacolas em São Paulo não tenha sido precedido de uma pesquisa de opinião sobre o tema.
"Era fundamental consultar o consumidor antes para só então decidir que medida implantar e como implantar", diz Oliveira, professor do Núcleo de Estudos de Varejo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
O presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), João Galassi, diz não ter informações sobre os detalhes dos projetos para restrição do uso de sacolinhas implementados em outros países, mas acredita que "os consumidores vão, aos poucos, mudando de hábitos quando a causa é justa".
Veículo: Folha de S.Paulo