Lojas pequenas distribuíam sacolas e nas grandes os consumidores disputavam caixas de papelão
O primeiro dia sem sacolinhas de plástico gratuitas nos supermercados paulistas foi marcado por improviso dos clientes e disputa por caixas de papelão nos corredores. Além disso, ainda era possível encontrar, especialmente nos mercados menores, a distribuição das sacolas.
Apesar de a maior parte dos consumidores afirmar que apoia a preservação ambiental, as reclamações foram recorrentes nos corredores dos supermercados do interior e da capital.
Em Sorocaba, uma parte deles achou um jeitinho de continuar se valendo do plástico não biodegradável para embalar produtos: os saquinhos transparentes, que continuam disponíveis em rolos nas seções de frutas e legumes. Foi o que fez a dona de casa Silvana Ramos, que retirou vários para embalar sabonetes e produtos de higiene. “Estão fazendo isso para forçar a venda das sacolas.”
No local, a sacola retornável era vendida a R$ 2,40 e a sacolinha biodegradável, por R$ 0,38. Havia também caixas de papelão. Mas o aposentado Alberto Coltrin também pôs parte das compras nos saquinhos. “Não posso levar na mão”, justificou. A caixa Milena Silva disse que os saquinhos transparentes eram exclusivos para produtos das seções de carnes, peixes, frutas e legumes. “Se o cliente usa para outros produtos, é questão da consciência dele.”
Na quarta-feira, 25, também era possível ver as antigas sacolinhas em circulação em São Paulo nas unidades menores. Um exemplo é o mercado Dante, no bairro do Limão (zona norte), que, apesar de vender bolsas por R$3,50, despachava s compras dos clientes em sacolas normais. “Ainda temos no estoque. A partir de segunda vamos ter caixas de papelão e sacolas retornáveis”, informou a funcionária Sonia Soares.
Em uma unidade do mercado Dia, só levava caixas de papelão quem comprasse itens que vieram originalmente nelas. Havia distribuição de sacolas plásticas também. “Não sabemos dizer até que horas isso vai durar, porque tem muita sacola para dar ainda”, disse uma atendente.
Já nas redes maiores de lojas, só era possível ver as antigas sacolinhas nas mãos de clientes que as trouxeram de casa. Como opções, os preços dos diversos tipos de sacola variavam entre R$ 0,18 (scolas biodegradáveis) e R$ 49,90 (carrinhos de tecido). As sacolas de PET, algodão e ráfia apresentaram preços entre R$ 1,99 e R$ 6,99.
A falta das caixas de papelão foi frequente. Nas lojas em que eram disponibilizadas, elas não duravam minutos. Muitos clientes não esperavam a reposição e saíam à caça nos corredores. “As caixas são muito disputadas”, afirma a analista de crédito Ana Paula Cruz. “Imagina quantas sacolas dessas (de ráfia) tem que comprar para carregar a compra do mês todo”, afirmou sua mãe, Maria Cruz.
Reações. A Associação Paulista de Supermercados (Apas) reconhece que precisam ser feitos ajustes, mas afirma que o primeiro dia foi “ótimo”. “Não dá para colocar tudo em prática logo no início”, afirma o presidente João Galassi. Segundo ele, a falta de caixas é consequência da recente adaptação das pessoas. Ele diz que a associação vai entrar em contato com mercados menores que ainda distribuem as sacolas para explicar a proposta.
Miguel Baiense, diretor executivo da Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, discorda. “Estive em várias lojas e notei muito improviso. A sacola plástica é um direito do consumidor. Colocar alimentos no carrinho ou nessas caixas é falta de higiene.”
Veículo: O Estado de S.Paulo