Sacola retornável impulsiona vendas

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Há quase um ano, distribuição de sacolas plásticas convencionais foi proibida nos supermercados de BH

Os efeitos que a indústria de embalagens de São Paulo começa a sentir decorrentes do acordo que põe fim à distribuição de sacolas plásticas no varejo paulista, em Minas Gerais - onde a medida foi adotada na Capital e em alguns municípios do interior há quase um ano - já estão sendo superados. A opção para a indústria mineira foi se adaptar à norma e produzir sacolas retornáveis, que têm garantido aumento de até 80% nas encomendas e dobrado o faturamento dos fabricantes.

Este foi o caminho encontrado pela BH Embalagens. Com 12 anos de mercado, a fábrica teve que se adaptar à nova realidade para atender a demanda por novos produtos. A fabricação de sacolinhas plásticas convencionais, que há um ano representava 40% dos negócios da empresa, passou a responder por menos de 10%, cedendo espaço às embalagens ecológicas e retornáveis.

"Com isso, as encomendas aumentaram até 80%, principalmente, no último trimestre, o que nos garantiu aumento de até 50% no faturamento do ano. Apesar de nós termos perdido por um lado, ganhamos noutro", explica a sócia-proprietária da empresa, Flávia Batista Rodrigues.

Uma das estratégias da BH Embalagens é levar as embalagens retornáveis para o interior do Estado, principalmente, aos municípios que começam a adotar as mesmas restrições da capital mineira. Atualmente, além da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a empresa atende a 10 cidades. "O mercado do interior está crescendo gradativamente na medida em que os consumidores vão se conscientizando. A demanda pela sacola retornável é grande porque parece que a restrição das sacolinhas veio para ficar. O jeito, tanto a indústria quanto o mercado, é se adaptar à nova realidade", disse.

Encomendas - A ABG Embalagens e Sacolas Impressas, com sede em Santa Luzia, na RMBH, perdeu 50% das encomendas e, como conseqüência imediata, reduziu pela metade o quadro de funcionários. Atualmente com apenas três empregados, o gerente de produção, Bernard Henrique Santos Sena, conta que para manter a fábrica de portas abertas, a alternativa foi trocar as sacolas plásticas pelas embalagens de papel.

Do ponto de vista ambiental, o gerente faz ressalvas à lei. O objetivo da Lei Municipal nº 9.529/08 é reduzir o lançamento no meio ambiente das sacolas plásticas, alçadas à condição de vilãs ecológicas. "O problema não é o plástico, mas a cultura do descartável. Se as pessoas devolvessem as sacolas para os supermercados reciclarem o efeito prático seria muito maior", opinou.

Para o empresário e vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Estado de Minas Gerais (Sinplast-MG), Wagner Andrade, o impacto do fim das sacolinhas não foi tão grande visto que as empresas já vinham se adequando a essa situação, mesmo antes da determinação legal. No entanto, os diretores da entidade devem se reunir na próxima semana para fazer um balanço do setor.

A informação extraoficial do Sinplast-MG é de que, somente na Região Metropolitana, a indústria havia demitido pelo menos 200 funcionários até o mês de dezembro. Além disso, algumas fábricas fecharam as portas ou os empresários mudaram a razão social da empresa.

"O cenário para 2012 não é nada promissor, mas não é por causa da proibição das sacolinhas, que representam menos de 10% da produção do setor e, como um problema pontual, a indústria vai se adaptando. O problema maior é o excesso de cobranças do governo, o peso dos tributos no setor e a falta de incentivos para aquelas empresas que estão há mais de 30 anos no mercado", disse Wagner Andrade, executivo da Polimaster Indústria e Comércio de Pigmentos Plásticos Ltda.

Conforme dados do setor, a estimativa é de que existam na RMBH mais de 40 fábricas de pequeno porte, que empregam aproximadamente 800 funcionários, e que possuem a média de faturamento de R$ 36 milhões ao ano. Pelos cálculos da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas (Abief), a proibição do uso de sacolinhas afetou principalmente pequenos fabricantes.

A Lei Municipal nº 9.529/08, que restringe o uso de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais de Belo Horizonte, passou a valer no dia 28 de fevereiro. A lei obriga fabricantes a alterarem a composição do material, aumentando seu caráter reciclável ou fazendo um material degradável.

No levantamento parcial da Associação Mineira de Supermercados (Amis), em seis meses, a Capital deixou de utilizar cerca de 78 milhões de sacolinhas ou 360 toneladas de plástico. Por dia, são consumidas em média 15 mil sacolinhas plásticas nos supermercados. Segundo a Amis, o volume consumido atualmente representa uma redução de 97% em relação ao consumo anterior à implantação da lei, que era de 450 mil ao dia.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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