Lei da sacolinha cria novo hábito no consumidor

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No último dia 25 de janeiro entrou em vigor a lei que proíbe a distribuição gratuita de sacolas plásticas feitas à base de petróleo pelos supermercados

A medida, divulgada pela campanha “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco”, abrange mais de mil supermercados de São Paulo e é um acordo da Associação Paulista de Supermercados (Apas) e do governo do estado.

O foco da ação está no fim da cultura do descarte. A mensagem principal é o uso de embalagens reutilizáveis e o incentivo à prática dos “4 Rs”: Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Repensar.

Estimativas da associação apontam que com a iniciativa, mais de 7 bilhões de sacolas plásticas deixarão de ser despejadas no meio ambiente por ano. João Galassi, presidente da Apas, parabeniza a cidade de São Paulo por ter aderido à campanha e completa que “só no primeiro dia da ação deixamos de descartar quase 19 milhões de sacolas no meio ambiente”, indica.

As sacolinhas de plástico banidas custavam, cada uma, R$ 0,02 ao supermercado. O valor era repassado para o consumidor e era  embutido no preço final do produto. Portanto, cada estabelecimento economizará aproximadamente R$ 120 mil por mês com a substituição das sacolas.

E os benefícios para o consumidor? Segundo João Galassi, além do benefício ambiental da ação, as despesas com sacolinhas vão sair das planilhas de custo dos supermercados e isso será repassado para a população em forma de promoção e ofertas. “Seja em preço, em ações de sustentabilidade ou serviços, esse repasse vai ser feito e a população vai sair ganhando”, finalizou.

A extinção das sacolinhas

A associação  acredita que, em pouco tempo, praticamente não haverá mais sacolas plásticas (ecológicas ou não), pelo fato de que todos terão sacolas “verdes”. Em Jundiaí, cidade do interior paulista que iniciou a campanha, quase 95% da população usa apenas esse tipo de sacolas.

Opção verde, a sacolinha biodegradável tem como principal componente o amido de milho, um produto natural que se decompõe em aproximadamente seis meses e pode ser adquirida nos supermercados por R$ 0,19.

As sacolas reutilizáveis, a venda há alguns meses em grandes redes, como Extra e Pão de Açúcar, são um pouco mais caras, custam em média R$ 1,99. Apesar de serem a melhor opção para o meio ambiente, ambos os tipos de sacolas devem ser higienizados adequadamente para não prejudicarem a saúde.

Por serem utilizadas com frequência, elas podem ser contaminadas por alimentos congelados (carnes, peixes, etc.) ou produtos de limpeza. Para tirar os resíduos, a  recomendação é passar um pano com substância bactericida, de preferência sem álcool,  em seu interior.

Alternativas

Àqueles que estão acostumados a utilizar as sacolas plásticas para além de carregar as compras do supermercado para casa, também como forma de descarte de resíduos, existem algumas alternativas.

Os sacos de papel, muito utilizados nos anos 50, antes mesmo da criação das sacolas plásticas, podem ser usados para carregar alimentos e compras pequenas. Além disso, comidas e recipientes pequenos também podem ser embrulhados, com exceção de alimentos gordurosos ou bebidas, que podem danificar o saco.

Os tradicionais “carrinhos de feira” também são uma alternativa. Com uma estrutura resistente, são capazes de levar as compras com auxílio de rodinhas, o que facilita o transporte.

Outra dica para o transporte das compras são as caixas de papelão. Neste caso, o consumidor pode levar a sua própria caixa ou conseguir a sua própria peça no supermercado. Algumas empresas estão em processo de desenvolvimento de caixas de papelão dobráveis, as quais podem ser levadas até mesmo no porta-malas do carro.

Para o descarte de resíduos em casa uma sugestão são as embalagens feitas de jornal, que dão uma utilidade aos jornais lidos que ficam muitas vezes, ocupando espaço. A dobradura  é capaz de formar um saquinho, que pode ser usado para guardar o lixo do banheiro. Quando estiver cheio, pode ser descartado em um saco de lixo reciclado.

Ecobags

Confeccionadas com fibras de origem vegetal, como linho, rami, juta ou algodão orgânico, as ecobags  surgiram como uma solução para o lixo excessivo resultante do descarte das sacolas plásticas. Mas não é de hoje que os fashionistas desfilam suas bolsas ecologicamente corretas.

A primeira bolsa multiuso, feita de lona por L. L. Bean é datada de 1944. A bolsa multiuso, como o nome já diz, serve para carregar tudo, da maquiagem às compras de rua. Interessante notar que as ecobags atuais têm as características das bolsas multiuso: amplas, alças largas, pespontos aparentes, feitas de sarja ou algodão cru.

Em 1997, a Chanel  se preocupava com o meio ambiente e lançou uma bolsa de malha plástica dura, com acabamento dourado, para ser usada em substituição às vilãs de plástico.

Em 2007 elas ganharam fama mundial, quando a designer inglesa Anya Hindmarch criou a bolsa de pano com a frase “I’m not a plastic bag” (Eu não sou uma bolsa de plástico). O produto foi incluído no catálogo da designer com um preço acessível de aproximadamente R$ 15; bem longe do seu ticket médio de mil dólares, o  que contribui para a popularização desta tendência.

Quando celebridades, como Kate Moss e  Jessica Biel passaram a usar as bolsas, elas caíram no gosto popular. Assim, logo começaram a surgir diversos modelos no mercado.

No Brasil, a tendência chegou rápido. Ainda no mesmo ano, a exposição “Eu não sou de plástico”, que fazia parte do projeto homônimo desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente, movimentou profissionais da moda do país, que desenvolveram bolsas ecologicamente corretas.

Em pouco tempo, a alternativa ecologicamente correta para as sacolas de plástico conquistou as  brasileiras. Pouco a pouco, as ecobags se tornaram um item fashion para quem busca um visual descontraído. E para aproveitar a tendência, grifes como Totem, Cantão e Hering também desenvolveram modelos para ajudar na luta em defesa ao meio ambiente.

Gostos variados

Para os menos ortodoxos, o mercado atual oferece inúmeras alternativas. Existem as confeccionadas de algodão, ráfia, papel, papelão, garrafas PET recicladas palha ou tecidos sintéticos. Os preços (e os tamanhos das sacolas) variam ao gosto do freguês. Em geral, ficam entre R$ 5 para produtos mais simples a R$ 40, com modelos assinados por estilistas famosos.

Modelos, como o da Osklen, que é totalmente eco, feita de lona de juta confeccionada por costureiras da Amazônia, não sai por menos de R$ 200.

No ano passado, o embaixador da Kiehl’s, Marcelo Rosenbaum desenvolveu uma edição limitada de ecobags para o Dia Mundial da Terra,  A bolsa, vendida por R$60 feita em lona crua de garrafa PET , trazia a frase “O Amor é a Essência do Universo”dos indianos Sri Amma e Sri Bhagava.

A escolha é uma questão de estilo. Coloridas, minimalistas, “high-tech”, artesanais e vintage que lembram as tradicionais sacolas de feira. Mas não se empolgue nas compras, pois a proposta da ecobag é ter somente dois modelos: um para as compras e outro para uso no dia-a-dia.

Onde encontrar

A Tok&Stok fez uma parceria com estilistas famosos como Alexandre Herchcovitch, Joana Lira, , Marcelo Rosenbaum, Ronaldo Fraga, Amir Slama e Adriana Tavares para criar uma linha de sacolas retornáveis exclusivas. Cada uma traz os ícones de cada um dos criadores. A de Ronaldo Fraga, por exemplo, traz a estampa de poemas baseada em um livro de Drummond e a de Herchcovitch uma de suas caveiras. Elas são impermeáveis, resistentes, com alças reforçadas e custam R$ 5,90. Informações:  0800 701 01 61.

A  Casa Ambiente  criou uma linha de cestas para facilitar a vida na hora das compras. Em várias estampas, as cestas são dobráveis e podem ser guardadas em pequenos espaços. Os modelos custam R$ 60 e estão à venda no site www.centrecasa.com.br

A Accessorize, famosa loja de acessórios, não ficou por fora desta tendência de ecobags e traz um modelo bem moderno, muito similar a uma bolsa comum por R$ 125. Informações: (11) 3061-5136.

A Camiseteria traz quatro modelos assinados por diferentes artistas. Feitas de algodão natural, os modelos custam R$ 45 e podem ser comprados via o site www.camiseteria.com.br

A Sampa Brasil oferece uma linha bem brasileira com modelos em azul, verde e amarelo. As sacolas estão à venda na loja do Santana Parque Shopping por R$ 19,90. Informações:  (11) 2208-2870.

Àqueles que buscam um bichinho de estimação, a Dog’s Care traz a  Eco News, bolsa com estampa de jornal para carregar seu pet. R$ 119. Informações:  www.dogscare.net


Veículo: DCI



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