Embalagens em estoque serão distribuídas gratuitamente pelas redes até abril, enquanto vigorar acordo firmado com o Procon
Consumidor rejeitou pagar pelas sacolas biodegradáveis, que ficaram encalhadas nos supermercados
Alvo das maiores críticas da indústria plástica, a sacolinha biodegradável feita com amido de milho, que foi vendida a R$ 0,19 nos supermercados, será definitivamente eliminada do varejo até abril.
A implantação da nova sacolinha foi considerada um fiasco pelas próprias redes supermercadistas.
Pouquíssimos consumidores aceitaram pagar pela embalagem biodegradável, que ficou encalhada nos supermercados após o setor banir as sacolas plásticas no dia 25.
Na sexta-feira, os supermercados fecharam acordo com o Procon e o Ministério Público voltando atrás na decisão e dando mais 60 dias para o consumidor receber, gratuitamente, uma embalagem para colocar as compras.
Pesquisa do Datafolha feita nos dias 26 e 27 na capital paulista apurou que 66% reprovavam a cobrança da sacolinha biodegradável; 57% disseram que não pretendiam pagar por ela.
Segundo a Apas (Associação Paulista de Supermercados), do volume originalmente distribuído em sacolas plásticas, somente 2,6% foram substituídos pelas sacolas biodegradáveis. Em Jundiaí, a substituição foi de 5%.
"Sempre dissemos que a sacola biodegradável era um produto de transição até o consumidor se acostumar com a ideia de levar a sacola retornável. Por sugestão do Ministério Público e do Procon, decidimos eliminar de vez essa sacola; vários supermercados não compraram essa sacola e partiram direto para o uso da sacola retornável", disse João Galassi, presidente da Apas.
POUCOS FORNECEDORES
Para desovar o estoque, as redes supermercadistas vão dar gratuitamente as sacolas de amido de milho até abril, assumindo o prejuízo com a compra dessas embalagens.
A matéria-prima da sacola biodegradável é cara. Poucas indústrias que faziam as sacolinhas estão aptas a processar o material, considerado frágil.
Os supermercados temiam ficar nas mãos de poucos fornecedores, que poderiam impor preços altos.
Preparada para abrigar o lixo orgânico, a sacolinha biodegradável depende de usinas de compostagem, indústria inexistente no país, para se degradar.
Nas usinas, a decomposição demora seis meses, enquanto nos aterros e lixões pode levar até dois anos.
Os plásticos demoram cem anos para se degradar.
Veículo: Folha de S.Paulo