Sem sacola, saco de lixo encarece

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Venda do produto aumentou 18% na capital mineira. Preço do item seguiu alta do comércio, com variação de até 47,5%

 
As vendas de sacos de lixo em Belo Horizonte cresceram 18% nos supermercados de Belo Horizonte, segundo a associação que representa o setor – a Amis –, desde abril de 2011, quando entrou em vigor a lei municipal que proíbe o comércio da capital de distribuir sacolas plásticas. Por outro lado, apenas entre março de 2012 e fevereiro deste ano, o preço de vários modelos de sacos de lixo dispararam mais de dois dígitos, com algumas marcas oscilando entre 20% e 47,5%, de acordo com pesquisa divulgada ontem pelo site Mercado Mineiro.

Esse último percentual é maior do que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, que fechou o ano passado em 5,84%. A maior variação, explica Feliciano Abreu, diretor executivo do Mercado Mineiro, ocorreu no pacote com 25 sacos pretos de lixo de 100 litros cada, da marca Embalixo, cujo valor subiu de R$ 14,90 para R$ 21,98 (oscilação de 47,52%). Das 17 marcas pesquisadas, 13 tiveram aumento acima da inflação. Uma, abaixo. E três apresentaram queda nos preços.

Os números foram divulgados durante audiência pública convocada pelo Ministério Público de Minas Gerais para debater o comércio de sacolas plásticas usadas tradicionalmente pelas famílias brasileiras para acomodar lixo. A reunião ocorreu a pedido do promotor Amauri Artimos da Matta, responsável pelo processo administrativo que tramita no Procon Estadual contra a cobrança das sacolas biodegradáveis.

Em 18 de janeiro, a desembargadora Teresa Cristina da Cunha Peixoto, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), concedeu liminar à Amis autorizando a venda de sacolas plásticas pelo comércio de Belo Horizonte. “O MPMG vai prestar informações para a Justiça no primeiro dia útil (depois do carnaval). Vamos tentar reverter a liminar”, adiantou o promotor. Para ele, as sacolas plásticas biodegradáveis devem ser distribuídas gratuitamente, porque, entre alguns fatores, a capital não teria uma usina de compostagem para dar fim adequado às embalagens.

Outro problema seria a possível falsificação de sacolas convencionais, etiquetadas por fabricantes como biodegradáveis. Os supermercadistas e ambientalistas, porém, defendem a tese de que a lei municipal retirou um grande número de sacolas plásticas convencionais do mercado. Antes de a norma entrar em vigor, cerca de 450 mil unidades saiam, diariamente, dos supermercados da capital. Atualmente, esse número está em torno de 29 mil unidades.

O PATO  “O objetivo da lei é promover uma educação, retirando grande número de sacolas, que prejudicam o meio ambiente”, disse o secretário municipal de Serviços Urbanos, Pier Senesi. Ele rebateu as críticas de que a prefeitura não tem usina de compostagem: “Fica na BR-040 (onde funcionava o aterro sanitário da capital)”. O empreendimento processa de cinco a oito toneladas diárias de lixo, porém, não recebe resíduos residenciais.

A usina de compostagem recebe apenas lixo do Mercado Central e de estabelecimentos conveniados. “O consumidor está pagando o pato e foi sacrificado (com a cobrança da sacola biodegradável e o aumento do preço do saco de lixo) antes de o poder público fazer uma estrutura correta para o fim (das sacolas plásticas biodegradáveis)”, diz Feliciano Abreu, do Mercado Mineiro. O secretário, porém, assegurou que as embalagens biodegradáveis encaminhadas ao aterro em Sabará são decompostas, pela ação do tempo, no próprio local.



 
Veículo: Estado de Minas


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