O gargalo que o País vive em sua rede de escoamento atingiu mais uma atividade da economia no primeiro trimestre: a logística reversa de embalagens de agrotóxicos. Pela primeira vez em 11 anos houve queda na quantidade de embalagens que foram destinadas para as recicladoras e incineradoras, localizadas em estados litorâneos.
De acordo com o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inPEV), 9,3 mil toneladas de recipientes tiveram algum fim, enquanto no mesmo trimestre do ano passado o volume superou as 9,4 mil toneladas, uma redução de 2,1%.
Apesar da queda no trimestre, o movimento de entrega final dos materiais tem crescido mês a mês. Enquanto em janeiro foram destinadas 2,688 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos, em fevereiro esse número subiu para 3,279 mil toneladas e, em março, para 3,311 mil toneladas.
Dos 17 estados em que há coleta dos vasilhames, Santa Catarina teve a maior retração em sua destinação. No primeiro trimestre foram destinadas 58 toneladas, contra 101 toneladas no mesmo período de 2012, queda de 43%.
Outro estado em que a destinação também caiu fortemente neste começo de ano foi Minas Gerais, onde 680 toneladas de embalagens foram encaminhadas ao destino final, ante 945 toneladas entregues no primeiro trimestre do ano passado, o que representa um recuo de 28%.
O diretor-presidente do inpEV, João Cesar Rando, afirma que a redução da entrega dos recipientes usados aos pontos de reciclagem e incineração é resultado das dificuldades de escoamento de produtos pela qual passa o País. "Tanto que, nas unidades de recebimento, a entrada aumentou em comparação ao ano passado. O agricultor está devolvendo mais embalagens.
O problema é pontual, de logística", afirma. Segundo Rando, as unidades de coleta dos vasilhames receberam 8% a mais de volume neste primeiro trimestre, na comparação anual.
A Coletti, que recicla esse tipo de material para usar como matéria-prima para a siderurgia, confirmou que percebeu uma redução no volume de embalagens recebidas desde o começo do ano.
"[O no logístico] faz com que a frota ande menos, fique mais tempo parada ou tenha que se movimentar mais por falta de capacidade de armazenamento. Isso faz com que tenhamos dificuldade de movimentar volumes maiores e o custo também sobe", critica Rando.
Com relação às diferenças regionais, o diretor-presidente do inpEV afirma que só será possível fazer um exame do que ocorreu com o balanço do ano inteiro, mas indica que fatores relativos aos próprios cultivos, como o clima, podem causar distorções, já que podem demandar mais ou menos agrotóxicos.
Apesar da redução observada nos destinos finais, a logística reversa de embalagens vazias de defensivos no Brasil alcança 80% de todas as embalagens comercializadas. Consideradas as embalagens primárias, que entram em contato direto com o produto, o retorno chega a 94%. As embalagens são entregues nas 112 centrais de recebimento ou nos caminhões de coleta itinerante e levadas para os nove recicladores e cinco incineradores do sistema.
Para este ano, Rando prevê que o Sistema Campo Limpo, programa que realiza a coleta de embalagens usadas, destine um volume 5% maior do que no ano passado, podendo passar de 37,3 mil toneladas em 2012 para até 40 mil toneladas. Em 2012, o avanço foi de 9%, ante uma coleta de 31,2 mil toneladas em 2011.
Veículo: DCI