De acordo com estimativa da Abiove, o setor produzirá 2,8 bilhões de litros do combustível, após uma alta de 12% na produção do primeiro semestre
A produção nacional de biodiesel voltou a ter um primeiro semestre positivo neste ano e deve fechar 2013 com uma produção de 2,8 bilhões de litros, um volume 3% maior do que o produzido no ano passado, quando foram entregues 2,7 bilhões de litros. A estimativa é da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
"A produção de biodiesel cresce conforme cresce consumo de diesel. A estimativa é que o consumo de diesel B por toda nossa frota de ônibus e caminhões possa chegar até a 60 bilhões de litros. Nesse caso, biodiesel deve ter produção de 2,8 bilhões de litros", afirmou ao DCI o assessor econômico da Abiove, Leonardo Zilio. De acordo com a Lei 11.097/2005, é obrigatória a mistura de 5% de biodiesel no diesel B. Zilio afirma que, como 96% das compras de biodiesel são feitas via leilões públicos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o crescimento da produção do setor segue "rigorosamente" a produção de diesel.
No primeiro semestre, a produção de biodiesel somou 1,39 bilhão de litros, volume 12,9% maior que o registrado no mesmo período do ano passado, de acordo com boletim da associação divulgado na semana passada. O principal fator foi o consumo de diesel comum. Segundo Zilio, o mercado interno consumiu 30 bilhões de litros de diesel B no semestre, uma alta de 5,9% na comparação anual.
Ele ressaltou ainda que a base de comparação é baixa, porque "no primeiro semestre de 2012 as retiradas ou entregas das distribuidoras não atingiram todo o volume vendido, enquanto no 1º semestre de 2013 as entregas foram mais próximas dos patamares contratados nos leilões".
A supersafra também colaborou para que o setor tivesse matéria-prima abundante e a preços menores para atender à demanda. No fim de julho, a cotação do óleo de soja posto na cidade de São Paulo atingiu o menor patamar desde outubro de 2010, segundo o indicador do Centro de Estudos Avançados em Pesquisa Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.
Hoje, o óleo de soja responde por 74% da fabricação de biodiesel e, sozinho, já seria capaz de suprir a demanda adicional para este ano. Das 81,6 milhões de toneladas de soja que devem ser produzidas no ano, 2 milhões serão direcionadas para o biodiesel.
Preços e margem caem
O maior volume de produção do combustível neste ano tem compensado parte da queda de 27,3% nos preços contratados pela ANP.
Os 524,8 milhões de litros de biodiesel comercializados no 32º leilão da agência serão colocados no mercado em setembro e outubro a preços médios de R$ 1,86/litro. No leilão, 40 produtores disponibilizaram 770,2 milhões de litros. No primeiro bimestre do ano, o preço era de R$ 2,55/litro.
Zilio ressalta que "o setor privado investiu forte e não temos demanda compatível". Com isso, o excesso de oferta nos leilões têm pressionado os preços.
A falta de demanda deixa o setor com ociosidade de 60% da capacidade instalada e estagna novos investimentos, diz Zilio.
Segundo o assessor da Abiove, a queda nos preços tem se refletido nos resultados das empresas. "As margens ficaram muito estreita ao longo desse ano e isso é um risco indesejado tanto para a indústria de biodiesel quanto para setor de combustíveis."
Erasmo Battistela, presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) e proprietário da BSBio, diz que o movimento não surpreende. "Como o setor é considerado maduro, já tinha expectativa de ter margem menor porque o mercado está crescendo." A Aprobio estima que a produção de biodiesel passe dos 3 bilhões de litros.
Veículo: DCI