Os supermercados mineiros estão adotando uma série de medidas como forma de driblar o desaquecimento da economia e a redução do consumo por parte das famílias. Entre as principais estratégias estão os investimentos na expansão das redes pelo Estado e no aumento de produtividade das unidades. Estas ações deverão ser mantidas no decorrer do ano que vem, quando os aportes das principais empresas do setor em Minas Gerais deverão ultrapassar a casa dos R$ 200 milhões.
Para o vice-presidente do Interior da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Valdemar Martins do Amaral, estas têm sido as formas que o segmento tem encontrado para alavancar seus desempenhos. Conforme ele, diante do cenário de retração da economia, é possível observar uma queda no volume de vendas do varejo supermercadista, mas uma manutenção do tíquete médio.
"As famílias estão comprando e mantendo sua cesta, mas com produtos de menor valor agregado e de primeira necessidade, principalmente nos segmentos de alimentação e higiene, em maior volume. As pessoas estão limitando os gastos supérfluos que até então estavam tendo condições de consumir; não estão pecando pelo excesso, mas fazendo compras dentro de suas possibilidades financeiras", explica.
Com isso, segundo ele, quando considerado o mesmo número de lojas do ano anterior, a maioria das redes está apresentando estabilidade nos negócios. Já quando levado em consideração a expansão e os investimentos em novas unidades é observado crescimento do faturamento. "A competitividade das redes de varejo permite abaixar a margem, segurar o cliente e manter o desempenho das lojas consideradas (maduras), enquanto as novas unidades alavancam os resultados", diz.
A rede ABC de Divinópolis, por exemplo, investiu no decorrer deste exercício cerca de R$ 40 milhões, dos quais R$ 30 milhões foram destinados à abertura de três lojas. Uma foi inaugurada em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e a outra será aberta em outubro, em Varginha (Sul de Minas). "Já tínhamos os terrenos, então os recursos em abertura de unidades foi menor. Mas, vale destacar que os aportes ocorreram em um novo modelo de loja, que estamos chamando de atavarejo, ao invés de atacarejo, já que o peso do varejo é maior do que o do atacado", justifica.
O crescimento da rede, que vai encerrar 2014 com 28 lojas, é que vai garantir o crescimento dos negócios neste exercício. Amaral, que além de vice-presidente da Amis é proprietário da empresa, adianta que esta estratégia vai continuar sendo mantida no decorrer do ano que vem. "Quando considerado o mesmo número de lojas, temos manutenção dos negócios, com as novas unidades, crescimento. Temos que continuar investindo", garante. Por isso, para 2015 a estimativa é de que os aportes cheguem a R$ 50 milhões.
"Serão mais três ou quatro unidades no Estado, mas ainda estamos dependendo de negociações, inclusive de financiamentos", completa. Ao todo a rede emprega 4 mil pessoas em Minas Gerais.
Novas lojas - O Bahamas, rede de supermercados que atua na Zona da Mata mineira, vive a mesma situação. De acordo com o presidente do grupo, Jovino Campos Reis, no decorrer deste exercício os aportes somaram algo em torno de R$ 30 milhões. Foram inaugurados pontos de vendas em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e em Muriaé, na Zona da Mata, além da expansão do Centro de Distribuição (DC) localizado em Juiz de Fora.
Para o ano que vem, a expectativa, segundo o empresário é de ampliação deste montante. "Ainda estamos fechando o plano de aportes, mas tudo indica que as inversões serão maiores, já que estão previstos mais quatro pontos de vendas no Triângulo", adianta. Ao todo a rede conta com 33 unidades no Estado e emprega 6 mil pessoas.
A meta segundo ele, é atingir, até 2015, a cifra de R$ 2 milhões de faturamento. A previsão é de fechar neste ano com R$ 1,6 milhão, o que representa um incremento de 30% sobre o ano anterior.
Já o Mart Minas Distribuição Ltda, com sede em Contagem, na RMBH, prevê aportar mais ou menos o mesmo montante deste ano em sua expansão: cerca de R$ 100 milhões. Os investimentos serão aplicados na abertura de outras cinco lojas por Minas Gerais, da mesma forma como ocorreu em 2014.
Segundo o diretor Murilo Martins Amaral, a expansão da rede tem permitido o crescimento dos negócios. "Para se ter uma ideia, quando consideramos as mesmas lojas do ano anterior, temos crescimento de 9%, o que é um bom índice diante do cenário atual. Mas quando incluímos as novas unidades este número salta para 45%", destaca.
* A repórter viajou a convite da Associação Brasileira de Supermercados (Abras)
Veículo: Diário do Comércio - MG