O investimento em tecnologia feito nas últimas décadas para o agronegócio deu ao Brasil know how para atuar no uso eficiente do solo e garantir uma produção agrícola e pecuária sustentável. Nos últimos 25 anos, a área utilizada para a plantação de grãos aumentou 50%, enquanto a produção aumentou 200%, afirmou o coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, durante a mesa redonda "Produção agrícola de alimentos e sustentabilidade no Brasil", na Expo Milão 2015.
"Isso se chama sustentabilidade e, graças à tecnologia, que aumenta a produtividade por hectare, o mundo inteiro reconhece o impressionante desempenho brasileiro na área tecnológica. Se tivéssemos a mesma produtividade de 25 anos atrás seriam necessários 60% a mais de área plantada", explicou o ex-ministro da Agricultura, entre 2003 e 2006, durante os debates.
Ele participou da mesa redonda que reuniu ainda representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do grupo de trabalho Pecuária Sustentável.
O Brasil reúne todas as características necessárias para ser considerado um país sustentável. Segundo o superintendente técnico CNA, Bruno Lucchi, o resultado do comprometimento é que 60% do território nacional encontra-se em área de conservação. "Só o Brasil tem uma área como essa, nós temos condições de avançar muito mais. O mesmo vale para a pecuária, cuja produção de carne aumentou 30% enquanto o tamanho da área ocupada pelo rebanho diminuiu 20%", destacou o superintendente.
Impacto - Esse casamento entre agronegócio e tecnologia também tem impacto no comércio. O agronegócio representa 24% do Produto Interno Bruto (PIB), desse total, 29% dizem respeito à produção agropecuária em todas as fazendas brasileiras. O setor é responsável por 30% dos empregos no País e, ainda, por 45% do valor das exportações brasileiras.
Na última década, o agronegócio saiu de uma exportação de US$ 39 bilhões de dólares para US$ 89 bilhões de dólares. No ano passado, o saldo comercial do agronegócio foi de US$ 80 bilhões, enquanto nos demais setores o valor foi negativo, US$ 84 bilhões. "O saldo comercial do agronegócio é sistematicamente positivo e crescente enquanto os demais setores apresentam superavitá em queda", disse o técnico do CNA.
Todos os números positivos têm como objetivo central investimentos estratégicos em pesquisa. Coordenado pela CNA, vários programas incluem diferentes vertentes que levam o Brasil rumo a uma formatação cada vez mais sustentável.
O projeto biomas, que insere árvores no sistema produtivo, prevê nove anos de trabalho, envolvendo 330 pesquisadores e a atuação nos seis biomas brasileiros. O objetivo é plantar 120 mil espécies de árvores na recomposição de áreas de reserva legal e de preservação permanente, explicou Lucchi.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG