Ovos à base de plantas é a nova aposta do Grupo Mantiqueira
O Grupo Mantiqueira, de avicultura, é a prova de que a influência do ESG (sigla para critérios ambientais, sociais e de governança) está chacoalhando o agronegócio. Um dos líderes na produção de ovos na América do Sul, com produção anual acima de 2,7 bilhões de ovos, o grupo sentiu na pele a pressão crescente por práticas que levassem em conta o lado sustentável dessa indústria — da criação das galinhas ao impacto da operação. A briga veio de todos os lados: sócios, acionistas e consumidores.
Na esteira dos lançamentos de grandes indústrias no mercado bilionário da proteína vegetal, como JBS e BRF, o grupo criou a marca N.OVO, de ovos à base de plantas.
No conjunto de ações está também uma linha de ovos produzidos por galinhas livres de gaiolas. No ano passado, o grupo se comprometeu a interromper a construção de granjas convencionais, criando aves apenas nesse modelo. A meta é ter 2,5 milhões de aves criadas soltas já em 2025.
Um importante passo para isso acontece em Lorena, no interior paulista. Por ali, o grupo terá sua primeira granja 4.0, com um apanhado de tecnologias que incluem sistemas livres de gaiolas e recursos que permitem a neutralidade em carbono, que custará à empresa 120 milhões de reais. A busca é pelo mérito de ter “a granja mais moderna e sustentável do país”, com capacidade para 1 milhão de aves, criadas com tecnologias pioneiras, como ninhos verticais e automatizados. Além disso, a granja surge sob a premissa de ter 100% de energia renovável e abastecimento feito apenas por caminhões elétricos. “Esse será nosso laboratório inicial de inovação e que, com sorte, servirá de exemplo para que tenhamos uma atuação sustentável em todo o país e fora dele”, diz Leandro Pinto, fundador da empresa.
Em boa medida, toda essa movimentação em prol do ESG deve dar um fôlego a mais para uma produção que já soma 11,4 milhões de aves e 2,7 bilhões de ovos. Neste ano a produção deverá chegar a 3 bilhões de unidades. Já o faturamento da empresa deverá saltar de 1 bilhão para 1,4 bilhão de reais em 2021. “A partir de agora, todo crescimento da empresa será feito nesses moldes. Se não for assim, não vamos nem querer crescer”, diz Pinto.
Fonte: Exame