Bancos apostam em contas para cartões

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Instituições oferecem vantagens para que lojista centralize fluxo de recebíveis de crédito e débito


   
No novo cenário do mercado de cartões, não só credenciadoras de lojistas que aceitam cartões mas também bancos acirram a disputa por empresas de pequeno e médio portes. Se, no caso de credenciadoras como Cielo e Redecard, o objetivo, com o fim da exclusividade, é que o estabelecimento comercial centralize as transações em uma única máquina (POS), a meta dos bancos é fazer com que o lojista concentre o depósito do dinheiro das vendas feitas com plásticos em uma única conta corrente.

 

O movimento foi desencadeado por uma ofensiva do Santander, em março, que fez com que os demais se mexessem para defender suas bases de clientes. Para atrair o fluxo de recursos gerados pelas transações com todas as bandeiras do mercado, das internacionais Visa e Mastercard a marcas regionais, os grandes bancos de varejo apostam na oferta de pacotes que tanto auxiliam a gestão de caixa de varejistas como envolvem concessões de crédito, além de redução de preços de serviços bancários.

 

O Bradesco lançou na semana passada a "conta multicartão". Ela vai permitir ao lojista alavancar a concessão de empréstimos num volume equivalente a até cinco vezes o seu faturamento mensal. A operação é feita com base em estimativas de vendas do varejista, calculada pela média da receita com cartões apresentada nos últimos seis meses. Para os cartões de crédito, é possível alavancar a chamada antecipação de recebíveis em até cinco vezes e, para cartões de débito, em uma vez.

 

"O adiantamento de crédito era uma prática do banco que, agora, vira produto", diz Márcio Parizotto, superintendente executivo de produtos da Bradesco Cartões. Em outras palavras, o limite de alavancagem de até cinco vezes o faturamento permitido pela conta multicartão passa a valer como regra, pois está pré-aprovado. Antes, sua disponibilização dependia do relacionamento do cliente com o banco. "O pequeno lojista precisa de crédito e sem burocracia." Os custos tendem a ser inferiores à média praticada nas linhas de capital de giro, diz Marcelo Noronha, diretor da Bradesco Cartões.

 

Como o Bradesco detém os direitos dos cartões American Express no Brasil, Parizotto lembra que a alavancagem de operações de antecipação de recebíveis referentes a transações feitas com Amex só poderá ser realizada pelo banco. O Bradesco costurou ainda um acordo comercial com a Cielo, da qual é acionista controlador, que traz vantagem para os dois lados. Transações acima de R$ 2,5 mil por mês em máquinas da Cielo vão isentar o varejista de tarifa de manutenção de conta corrente. Há ainda a possibilidade de reembolso do aluguel cobrado pelo uso das máquinas da Cielo, mas essa é uma regalia que vai depender de negociação do lojista com o banco. "A briga por preço não é nossa opção", pondera Parizotto. "Mas vamos ser competitivos", avisa.

 

Os bancos preferem falar em adição de valor para o cliente em vez vantagens econômicas. "Mais do que emprestar, estamos vendendo um serviço", afirma Carlos Eduardo Maccariello, superintendente de estratégia e vendas para pessoas jurídicas do Itaú Unibanco, a respeito do "portal de domiciliação", lançado também na semana passada. Maccariello se diz entusiasmado com o potencial do produto. Antes mesmo de o banco fazer sua divulgação publicitária, prevista para começar nesta semana, foram contabilizados 15 mil acessos ao portal. A ferramenta online permite ao empresário monitorar o fluxo de vendas e de crédito. Mas o cliente pode também contratar operações de antecipação de recebíveis. A solução não estabelece um limite prévio de alavancagem. Os valores são negociados caso a caso.

 

O primeiro a lançar moda foi Santander. Em março, quando a instituição de capital espanhol fechou parceria com a empresa de captura e processamento de transações com cartões GetNet, aproveitou a ocasião para lançar sua "conta integrada". Desde 2007, a pessoa jurídica pode escolher o banco em que pretende concentrar o depósito do dinheiro das vendas feitas com plásticos, independentemente da credenciadora com a qual opera. O grande diferencial estava nas vantagens atreladas ao serviço de credenciamento de lojistas, combinadas a uma agressiva política de crédito. O produto do Santander oferece redução de até 100% no pacote de tarifas da conta se a empresa registrar o volume mínimo de R$ 3 mil em transações por mês. A antecipação de recebíveis pode chegar a oito vezes o faturamento do lojista. 

 

 

Veículo: Valor Econômico


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