Cerca de 60% dos varejistas reduziram em até 40% o valor do aluguel das máquinas.
Dois meses após entrar em vigor, a unificação das máquinas de cartão de crédito e de débito já proporciona economia para o comércio da Capital. De acordo com a Sondagem de Opinião dos Lojistas, realizada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) e pelo Sindicato dos Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), 61,3% dos varejistas da cidade conseguiram negociar descontos de até 40% no valor do aluguel dos equipamentos.
Segundo o levantamento, para a escolha da operadora foram levados em consideração fatores como o preço cobrado pelo aluguel dos terminais (36,8%), seguido pela taxa do cartão de crédito (19,8%), taxa do cartão de débito (12,3%), mais praticidade (7,6%), menores tarifas na antecipação de recebíveis (7,5%), mudança automática da máquina pela credenciadora (7,5%), valor cobrado pela conectividade (5,7%), melhor relação custo/benefício (1,8%) e melhor atendimento (1%).
Conforme a coordenadora do Departamento de Economia da Fecomércio Minas, Silvânia de Araújo, o estudo foi realizado com o objetivo de verificar o que mudou para os lojistas desde a unificação, que ocorreu em 1º de julho deste ano. "Não podemos negar a importância do cartão de crédito e de débito para o comércio, uma vez que nossas pesquisas mostram que esta modalidade de pagamento responde pela maioria dos negócios efetuados no varejo da Capital. No entanto, é preciso estabelecer uma relação justa entre os empresários e as operadoras, para que o negócio seja rentável para ambas as partes", afirmou.
Ainda segundo o levantamento, 60,5% dos lojistas afirmaram que a operadora não exigiu fidelização para o fornecimento das máquinas, enquanto o restante (39,5%) disse que houve a exigência. Na opinião do presidente do Sindilojas-BH, Nadim Donato, é importante que os lojistas não aceitem a fidelização, a fim de manter a concorrência entre as administradoras.
"Ainda há um grande número de estabelecimentos que não aderiram à unificação e continuam negociando. A importância de não fidelizar está no fato de manter a concorrência. Só assim os comerciantes terão maior poder de barganha e conseguirão tarifas menores", destacou.
No que se refere ao aluguel das novas máquinas, 76,5% dos entrevistados afirmaram que conseguiram negociar redução de até 40% sobre o valor até então cobrado, que segundo estimativas das entidades, varia de R$ 80 a R$ 100. Em relação à tarifa do cartão de crédito, 56,2% dos lojistas conseguiram descontos. Já na tarifa do cartão de débito, apenas 46,7% conseguiram negociar com redução e sobre a taxa de conectividade, a maioria (63,3%) afirmou que não obteve redução no custo.
Em relação aos 38,7% que ainda não negociaram com nenhuma operadora, a pesquisa revelou que 52,3% ainda não o fez por estar analisando as propostas. Já 18,6% disseram que preferem esperar um pouco mais, 14% afirmaram que não receberam nenhuma proposta das operadoras, 11,6% alegaram que não conseguiram ser atendidos, 2,3% apontaram alguma pendência financeira e 1,2% consideraram o custo das tarifas ainda alto.
Justiça - A pesquisa revelou também que 63,6% dos lojistas estão cientes que desde o início de agosto podem praticar preços diferenciados do cartão de crédito para pagamentos efetuados em dinheiro, cartão de débito ou cheque, já que o sindicato conquistou na Justiça o direito de os associados oferecerem os descontos, sem que sejam multados pela Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon).
"Para o lojista, tudo o que é recebido através dos cartões de crédito é considerado como venda a prazo, pois as operadoras demoram 31 dias para repassar o valor relativo às compras. Além disso, os comerciantes têm de pagar às empresas uma taxa de administração de 5% do total recebido por meio deste instrumento", explicou.
De acordo com Donato, todos os estabelecimentos comerciais beneficiados pela decisão judicial já estão oferecendo preços diferenciados de até 5% para pagamentos à vista. "Os consumidores precisam lembrar que trata-se de uma diminuição real do valor a ser cobrado. E, por isso, representa uma diferença significativa no orçamento", ressaltou.
Com a medida, o presidente da entidade estima um incremento da ordem de 10% no volume de vendas à vista realizadas pelo comércio no encerramento de 2010 na comparação com o ano passado. Já para o Natal, a expectativa de Donato é de um aumento de 15% na mesma base de comparação. "As compras à vista geram capital de giro para os lojistas, que podem negociar as encomendas com fornecedores também à vista e, assim, pagar menos pelas mercadorias, que serão revendidas mais baratas", disse.
Veículo: Diário do Comércio - MG