Para o cartão de crédito não deixar de ser um facilitador da compra e se tornar o vilão do endividamento, o consumidor precisa ter cautela na escolha e no uso do dinheiro de plástico. E a decisão não é fácil. Taxas, limite e afinidades com os serviços oferecidos são alguns fatores a serem considerados. Mesmo com as novas regras para o setor, que começaram a valer no dia 1º, e conseqüente obrigatoriedade das instituições de oferecer dois tipos de cartões (básico e diferenciado) há muitas opções no mercado.
As taxas de anuidade apresentam grandes variações e algumas instituições nem cobram a tarifa desde que o cliente se comprometa a utilizar o cartão todos os meses. Por isso, a dica dos especialistas é pesquisar, analisar o custo da anuidade e os benefícios propostos pela instituição financeira.
Um dos principais pontos é o limite do cartão. "É preciso ter cuidado com o limite oferecido. Não adianta ter um valor disponível incompatível com a renda", diz Luiz Felizardo Barroso, advogado e especialista financeiro. Gastar mais do que pode pagar acaba resultando em dívidas. E o pagamento apenas da parcela mínima traz à tona as altas taxas de juros da modalidade, que estão em 10,69% ao mês, segundo levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
O especialista em finanças pessoais da MoneyFit, André Massaro, destaca que a taxa não deve ser usada como primeiro fator de escolha. "Se a primeira coisa que o consumidor avaliar for a taxa e quanto ele vai gastar caso pague a fatura mínima, já começa errado e nem deve aderir ao cartão".
Entre os outros conselhos do especialista, está o de escolher um cartão com vantagens compatíveis com seu estilo de vida. Se a pessoa gosta de viajar pode optar por um cartão que tenha programa de milhagens, por exemplo.
Foi o que fez a administradora Tatiana Castro, de 35 anos. Ela tem três cartões, todos contratados conforme a vantagem oferecida. O primeiro está vinculado à seguradora e rende desconto na renovação do seguro. O segundo está ligado à operadora de celular, que rende desconto na troca do aparelho. "O terceiro é o que eu mais uso para acumular milhas para viajar Compro tudo no cartão, dificilmente ando com dinheiro", diz. Mesmo com três cartões, ela consegue controlar seus gastos e está com as contas em dia.
Mas muitos consumidores se descontrolam e acabam endividado. Só na Grande São Paulo quase 5 milhões de pessoas têm pelo menos um cartão de crédito, segundo último levantamento do Ibope de novembro do ano passado. Destes, 12% têm dívidas - não pagaram integralmente ou parcialmente a última fatura.
Na avaliação do economista e sócio-proprietário da Namosca, agência especializada em comportamento jovem, Marcos Calliari, os jovens são potenciais inadimplentes. Os bancos disputam esse tipo de cliente e concedem crédito mesmo sem comprovação de renda. Do outro lado, estão jovens que não conseguem controlar o impulso pelo consumo. Para ficar longe do endividamento, evite a compra por impulso; registre os gastos para não se perder nas contas e, em casos mais graves, cancele o cartão de crédito.
Veículo: Diário do Comércio - MG