A Microsoft acaba de fazer uma nova investida para levar ao ambiente de internet programas até então acomodados no confortável e restrito espaço do computador. A companhia anuncia, hoje, a chegada do Office Live ao Brasil. Com versão em português, o serviço gratuito permite que usuários do pacote de sistemas de escritório Office levem para a internet os documentos gerados em programas tradicionais como Word, Excel e PowerPoint. Com autorização do usuário, outras pessoas podem salvar, editar e comentar esses documentos. Tudo fica armazenado nos centros de dados da própria Microsoft e o usuário passa a ter acesso aos arquivos por meio de qualquer equipamento com acesso à rede. O espaço total oferecido para armazenamento é de 500 megabytes (MB) e cada documento pode ter até 25 MB. Segundo a Microsoft, é espaço suficiente para salvar mais de 1 mil documentos de tamanho médio.
Para usar o recurso, não é preciso baixar um programa. Depois de feito um cadastro no site do Office Live, um "plug in"' - um pequeno "pedaço" de software - é instalado no PC do usuário. Quando ele salva um texto, por exemplo, basta escolher a opção de salvar como "Live": uma cópia é feita automaticamente para acesso via internet.
Ainda em versão beta, o Office Live foi lançado em abril nos Estados Unidos. Segundo Eduardo Campos, gerente geral da divisão de produtividade e colaboração da Microsoft no Brasil, a previsão é de até o início do ano que vem a empresa vai apresentar uma versão final e aprimorada do
A chegada do Office Live simboliza uma transformação que tomou conta de praticamente todos os produtos desenvolvidos pela Microsoft. Levar recursos restritos ao computador para um ambiente compartilhado, via internet, ganhou força dentro da empresa. A postura é uma contra a avanços de rivais como o Google, que passou a oferecer de graça um pacote de sistemas de escritório com editores de texto, planilhas de cálculo e correio eletrônico.
Dos laboratórios da Microsoft já saíram recursos que ligam o console de jogos Xbox ao ambiente de internet, possibilitando que usuários joguem pela rede, como se estivessem em um computador. Sistemas de uso empresarial para gestão administrativa e de relacionamento com clientes também estão incorporados à rede.
Segundo Campos, no caso do pacote Office a proposta é oferecer diferentes opções para o usuário. "Não somos como o Google, que restringe o recurso ao ambiente de internet, como também não somos um 'Open Office' (pacote gratuito de sistemas, baseado em software de código aberto), que limita os recursos ao computador do usuário", diz o executivo. "Nossa proposta é dar opção de escolha, esteja o usuário de frente para o seu PC ou não."
Com o Live, a Microsoft encontrou uma forma de enfrentar seus rivais, ao mesmo tempo em que mantém intacto seu modelo de negócios - a venda de licenças de software. Para compartilhar um documento no Office Live, o usuário continua precisando de uma licença de uso tradicional. A manipulação do documento, no entanto, pode ser feita pela internet.
Atualmente, segundo a própria Microsoft, existem cerca de 500 milhões de usuários do pacote Office em todo o mundo. A expectativa da companhia é de que, até 2010, 25% dessa base seja usuária do Live. "No Brasil devemos atingir essa meta antes desse prazo", diz Campos, sem revelar quantos usuários de Office há no país.
Embora a oferta dos recursos do pacote de sistemas seja gratuita para o usuário, a Microsoft tem planos para fazer dinheiro com a mudança. A empresa vem testando uma série de formatos de anúncios publicitários que deverão ser exibidos nas páginas de internet, assim que o usuário acessar seu arquivo via rede. O portal Windows Live, que reúne ferramentas como o Hotmail e comunicador instantâneo Messenger (MSN), já vive de propaganda. "Hoje temos uma fila de anunciantes que querem espaço no Messenger", diz Guilherme Pita, gerente de marketing da divisão de produtividade e colaboração da Microsoft.
A expectativa da companhia é de que, com a adesão de usuários, sejam criados perfis de clientes para oferecer aos anunciantes.
A redução do preço do pacote de sistemas também faz parte das ações para reter o usuário. Versões mais simples do Office, que até abril deste ano eram vendidas por R$ 399, agora são encontradas por R$ 199, para uso em até três PCs em uma mesma residência.
Veículo: Valor Econômico