A chamada "computação nas nuvens" (cloud computing), tese que defende a tendência de que todo o conteúdo gerado por pessoas e empresas ficará disponível via web, a todo instante, por meio de qualquer dispositivo, na realidade não tem nada de virtual para a companhia que decide bancar essa nova onda.
A Microsoft, que nos últimos 32 anos viveu da produção de sistemas em seus laboratórios de informática, é um dos melhores exemplos dessa mudança. Até o fim deste ano, a companhia deve concluir a construção de nada menos que 20 centros de dados, os prédios que serão usados para abrigar todo o conteúdo que seus usuários compartilharem via internet.
Segundo Eduardo Campos, gerente-geral da divisão de produtividade e colaboração da Microsoft Brasil, 10 mil servidores (computadores de porte) são instalados na empresa a cada mês. O investimento é pesado. Cada um dos centros de dados deverá custar cerca de US$ 500 milhões.
Trata-se de uma mudança radical no perfil de investimento feito pela empresa, fortemente voltada para inovação de seus sistemas. Em seu ano fiscal 2008, encerrado em 30 de junho, a Microsoft investiu US$ 8,1 bilhões em pesquisa e desenvolvimento.
O esforço para criar uma família de produtos baseados na combinação de software mais serviços tem como alvo um mercado que, segundo a empresa de pesquisas IDC, crescerá a uma taxa de 32% por ano até 2011, atingindo US$ 21 bilhões.
Por trás de seus programas, a Microsoft já conta com uma rede de 650 mil parceiros em todo o mundo. É gente que vive de desenvolver pequenos sistemas e integrá-los aos programas da companhia. Só no Brasil são cerca de 15 mil empresas.
Paralelamente, a entrada agressiva na internet tem como alvo o aumento de receitas com publicidade on-line, um mercado liderado pelo Google e o Yahoo. Atualmente, a unidade de negócios de internet da Microsoft é a menor divisão dentro a companhia. No ano fiscal passado, foi responsável por 5,3% das vendas totais da empresa, de US$ 60,4 bilhões, e registrou perdas de US$ 1,23 bilhão.
Mais que fabricante de software, a Microsoft tem todo o interesse em ganhar espaço no segmento de serviços on-line, a exemplo do que acontece com Google e Yahoo. Nos EUA, a previsão é de que as vendas de publicidade na web vão dobrar até 2012, atingindo US$ 51 bilhões, segundo a empresa de pesquisa de mercado EMarketer. (AB)
Veículo: Valor Econômico