Cartão de crédito tem juros de 471,3% ao ano

Leia em 2min 30s

As taxas de juros do rotativo do cartão de crédito para pessoas físicas atingiram em maio a média de 471,3% ao ano, segundo dados divulgados ontem pelo BC (Banco Central). É o patamar mais alto desde o início da série histórica da pesquisa, em 1994. Na comparação com maio de 2015, houve aumento de 111 p.p. (pontos percentuais).
 
O cheque especial também continua subindo a níveis estratosféricos: 316,3% ao ano para empresas e 311,3% para pessoas físicas. A taxa média de juros para as operações com recursos livres chegou a 52,3% ao ano – 9,7 p.p. acima do que o registrado em maio de 2015. Essa categoria reúne as linhas de crédito voltadas para o consumo e cujas tarifas são negociadas livremente pelas instituições financeiras, ou seja, não são estabelecidos por meio de normas governamentais. Além do cartão de crédito e do cheque especial, também se enquadram nesse grupo modalidades como financiamento imobiliário, crédito pessoal, capital de giro, entre outras.
 
O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, explica que a taxa básica de juros, a Selic, que está fixada em 14,25% ao ano desde julho de 2015, tem forte influência sobre as tarifas praticadas pelos bancos. “A Selic está muito ligada ao equilíbrio fiscal. E ainda vai levar um tempo até chegarmos a um nível de segurança que permita ao governo reduzir a Selic”, comenta. Além disso, a taxa básica também é utilizada como mecanismo de combate à inflação, que, atualmente, está em 9,32% no acumulado de 12 meses – 2,82 p.p. acima do teto da meta do BC.
 
Mesmo reconhecendo o papel da Selic para ajustar a política econômica do País, Balistiero considera que os níveis de juros cobrados pelos bancos, principalmente no cartão de crédito e cheque especial, são abusivos e exploratórios. “Enquanto as pessoas não se conscientizarem de que é melhor poupar do que comprar por impulso, vão continuar explorando.”
 
Ele cita que, basicamente, quatro fatores são responsáveis pelas taxas de juros tão elevadas. O primeiro é o aumento do risco da inadimplência, que leva os bancos a aumentarem as tarifas para cobrir eventuais rombos provocados por calotes. A inadimplência do cartão de crédito chegou a 37,5% em maio. O segundo e o terceiro são a cobertura dos custos administrativos e a garantia do lucro, enquanto o último é a carga tributária.
 
ORIENTAÇÃO
 
Para quem está vendo a conta do cartão de crédito crescer como uma bola de neve, a dica do especialista é procurar o banco para forçar uma renegociação. O objetivo é obter uma nova linha de crédito que permita regularizar a situação com tarifas mais baixas. Por exemplo, o crédito pessoal não consignado tem taxa de juros anual de 129,9%, enquanto no consignado cai para 43,9% para os trabalhadores da iniciativa privada e 27,7% para funcionários públicos. “Além disso, a pessoa tem que colocar na cabeça que não pode se endividar ainda mais”, finaliza.
 
Veículo: Diário do Grande ABC


Veja também

Procura por cartões de crédito pré-pagos cresce 410% em dois anos

Com as altas taxas do rotativo do cartão de crédito (quando o cliente não paga o valor total da fat...

Veja mais
BH debate oportunidades de expansão do e-commerce

Belo Horizonte vai receber nesta quinta-feira o Digitaliza-me, evento que reúne as mais diversas iniciativas e pa...

Veja mais
GS1 Brasil propõe nova forma de pensar em tecnologia no “Brasil em Código - Conferência Internacional”

Sexta edição do evento conta com palestras de renomados especialistas que representam diversos setores da ...

Veja mais
Sebrae e E-Commerce Brasil lançam pesquisa sobre varejo on-line

Levantamento quer conhecer melhor as empresas para formular estratégias que fortaleçam os pequenos neg&oac...

Veja mais
Aplicativos ajudam consumidor a economizar no supermercado

Em tempos de crise, os consumidores cariocas ganharam novos aliados que ajudam a poupar durante as compras: os aplicativ...

Veja mais
Investidores de varejo lançam mão da tecnologia

                    ...

Veja mais
Curso “Internet das coisas sem mistério” aponta oportunidades de negócios

A Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil será sede nos dias 8 e 9 de junho do ...

Veja mais
Tecnologia é aposta para ampliar diversificação a investidores de varejo

O uso mais intenso da tecnologia é a aposta do mercado para ampliar o acesso dos investidores de varejo a informa...

Veja mais
Dematic anuncia aquisição da NDC Automation

A Dematic, empresa líder global de tecnologia de automação, software e serviços para otimiza...

Veja mais