Só na última semana, os bancos Barclays, Citibank, BNP Paribas e MUFG Brasil revisaram para baixo as suas estimativas, se somando a um grupo que já contava com UBS, JP Morgan e Santander.
A tendência também apareceu no ultimo Boletim Focus, pesquisa semanal realizada pelo Banco Central para medir as expectativas do mercado, onde a projeção para o PIB este ano foi de 2,3% para 2,23%.
As revisões ameaçam repetir um fenÒmeno que vem desde 2017. As projeções começam o ano apontando um crescimento de 2% e depois são cortadas sucessivamente até chegar ao patamar de 1%.
Veja as revisões na tabela:
Previsão anterior Previsão atual
MUFG Brasil 2,8% 2,2%
UBS 2,5% 2,1%
Santander 2,3% 2,0%
Barclays 2,3% 2,1%
Citibank 2,2% 2,1%
BNP Paribas 2,0% 1,5%
JP Morgan 2,0% 1,9%
BNP Paribas 2,0% 1,5%
O secretário de Política EconÒmica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou na segunda-feira que o governo não vê razão para alterar a sua projeção, hoje em 2,4%.
Outras instituições financeiras também estão mantendo suas projeções, como o Itaú Unibanco, que prevê crescimento de 2,2% em 2020.
De acordo com uma pesquisa divulgada nesta semana pelo Bank of America, 90% dos investidores ficariam decepcionados se o crescimento do PIB não atingisse sequer 1,5%, enquanto metade se frustraria mesmo com um resultado abaixo de 2%.
Razões
As revisões mais recentes tem duas raízes principais. A primeira é que os dados de atividade do final do ano passado vieram mais fracos do que o esperado, incluindo a prévia do PIB divulgada pelo BC.
A segunda é a incorporação nos modelos do impacto da epidemia de coronavírus sobre a economia chinesa, que absorve 30% das exportações brasileiras.
"O coronavírus tem impacto em três frentes: reduz exportações do Brasil, diminui a renda do setor exportador por causa da queda dos preços das commodities e pode trazer problemas de produção em alguns setores", disse Carlos Pedroso, economista sênior do MUFG Brasil.
O BNP Paribas, o mais pessimista, cortou sua projeção de crescimento da economia chinesa neste ano de 5,7% para 4,5%.
Além da questão externa, já no início do ano o banco notava que a recuperação da economia brasileira avançava em duas vias, cada uma com uma velocidade diferente.
Pela "pista expressa", vão as regiões menos dependentes do setor público, crescendo a uma taxa anual de 2,5% ou mais. Pela "pista local" vão as demais, praticamente estagnadas em uma taxa anual de 0,5%.
Fonte: Exame