Desde o dia 1o de janeiro a Associação Brasileira de Supermercados, responsável por representar um dos setores mais relevantes da economia nacional, está sob nova direção. Ao longo do biênio 2021-2022, a entidade será liderada pelo supermercadista João Galassi, que conhece profundamente as possibilidades e oportunidades que o associativismo pode proporcionar a todas as empresas. Assim, o empresário tornou-se o 11º presidente da Abras, dando continuidade a uma virtuosa jornada iniciada por Fernando Pacheco de Castro, em 1968.
A cerimônia de posse da nova diretoria da Abras aconteceu no dia 15 de dezembro, em evento realizado para um público bastante restrito, em Brasília, que seguiu todos os protocolos sanitários e que contou com a presença de supermercadistas e de autoridades do governo federal, como os ministros Paulo Guedes e Rogério Marinho.
João Galassi, literalmente, respira o autosserviço nacional. Ao assumir o comando da Abras, ele traz consigo uma ampla agenda de iniciativas, focadas no fortalecimento da atuação da entidade, do seu papel institucional e da sua capacidade de trabalhar por pautas que agreguem a todas as empresas do setor. Em seu discurso, ele enfatizou que essa missão foi assumida com muita responsabilidade e humildade, tendo como objetivo principal o desenvolvimento de ações que possam contribuir com a transformação do setor e da própria Abras.
“Um dos meus principais objetivos é tornar a nossa associação mais presente no dia a dia das empresas. Por isso, podem contar com a Abras no desenvolvimento dos seus negócios, na melhoria dos resultados e na preparação para uma nova agenda”, declarou Galassi. “Trabalharemos, incansavelmente, por um ambiente de negócios que incentive o empreendedorismo e que gere mais oportunidades.”
Para trilhar essa jornada, Galassi pretende fazer do relacionamento uma matéria-prima de cada ação que será executada junto aos públicos da Abras, como o varejo, indústria, governos e colaboradores. Tanto que um dos seus primeiros passos foi exercitar um princípio bastante básico, poderoso e benéfico para qualquer relação: o ouvir. Poucos dias após a cerimônia de posse da nova diretoria, a Abras deu início a uma pesquisa inédita para identificar o que as empresas supermercadistas esperam da entidade e, com isso, trabalhar para atender a essas demandas.
“A começar pelas nossas associações estaduais afiliadas, elas possuem papel fundamental na evolução do setor supermercadista e no fortalecimento da Abras. Fui presidente da Associação Paulista de Supermercados [Apas] e sei o quanto é importante o relacionamento mais próximo com essas entidades. Portanto, a nossa diretoria espera contar com a parceria e o apoio das associações estaduais nessa jornada, em que estabeleceremos uma permanente relação de ganha-ganha”, disse o presidente. “No campo governamental, também trabalharemos para aprimorar as relações da Abras e a nossa diretoria estará ainda mais próxima do Ministério da Economia, com uma agenda permanente de trabalho.”
Na continuidade do seu discurso, Galassi também enfatizou a nova área de Negócios e Marketing, que atuará com grande e permanente foco em levar aos fornecedores do setor oportunidades únicas e exclusivas para o melhor relacionamento e desenvolvimento de negócios com os supermercados.
“Outra medida que prontamente tomaremos é a criação da diretoria de Inovação, que será liderada por Éverton Muffato e um supertime de empresários e executivos, que cuidará de todos os assuntos relacionados ao transacional e tático do setor. Com apoio dessa diretoria, vamos liderar a colaboração entre o varejo e a indústria no Brasil e criar um futuro próspero para todos”, anunciou o novo presidente da Abras. A diretoria de Inovação é uma evolução do Comitê de E-commerce da Abras, criado em julho de 2020 para discutir com a indústria soluções para a organização e fortalecimento do comércio de bens de consumo no País.
A agenda da nova diretoria da Abras começa repleta de planos voltados ao fortalecimento e desenvolvimento do autosserviço brasileiro (veja mais detalhes a seguir, na entrevista de João Galassi na seção Exclusiva).
Além das propostas já mencionadas, a Abras seguirá empregando grandes esforços para obter a liberação para a comercialização dos medicamentos isentos de prescrição nos supermercados, os MIPs, além de trabalhar em prol da reforma tributária e também para a chegada do PIX na forma de pagamentos de vouchers. Outra importante meta é ampliar a capacitação profissional virtual no setor, reforçando os conteúdos nas áreas social, ambiental e de governança, contribuindo com a performance das empresas através da modernização do seu modelo de gestão.
“Convênios assertivos que reduzam os custos operacionais dos 90 mil pontos de vendas estarão presentes em nossa pauta também”, complementa Galassi. “Além disso, vamos criar o Abraspay, importante ferramenta para os consumidores e supermercadistas, que possibilitará melhor aproveitamento do PIX, e criaremos também a Abrasflix, nos modelos de outras plataformas de conteúdo sob medida. Será uma poderosa ferramenta de comunicação com todos os nossos públicos.”
Sobre os aspectos internos da entidade, Galassi diz que almeja tornar a Abras referência em associação setorial. “Para isso, elegemos os seguintes pilares de gestão: pessoas, processos, tecnologia e estrutura, e estamos muito empenhados em buscar novas soluções que possam contribuir com a digitalização da entidade, dentre outras iniciativas.”
O evento de posse da nova diretoria da Abras contou com a mediação do presidente da Associação Baiana de Supermercados (Abase), Joel Feldman, e da coordenadora de Relações Institucionais da Abras, Ana Darós.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, foram algumas das autoridades políticas que prestigiaram a cerimônia de posse da nova diretoria da Abras.
Em seu discurso, Guedes parabenizou o setor por todo o trabalho realizado durante a pandemia e pelo fato de os supermercados terem mantido, a todo o instante, a regularidade do abastecimento das famílias. Além disso, o ministro aproveitou a oportunidade para fazer um balanço das ações do governo nos últimos dois anos e destacar os principais feitos. Também enfatizou a atuação do governo após a chegada da pandemia ao País, dando ênfase ao auxílio das famílias mais vulneráveis e às ações de manutenção e geração de empregos, que ajudaram a mitigar os impactos na economia. “Os programas sociais permitiram a digitalização de 64 milhões de brasileiros, pois 26 milhões estavam no Bolsa Família e 38 milhões eram ‘invisíveis’. Conseguimos auxiliar a população mais frágil”, disse.
As reformas também tiveram espaço privilegiado na fala de Guedes, que garantiu o compromisso de discutir a reforma tributária com o Congresso Nacional e de realizá-la sem que haja aumento da carga tributária. O ministro apontou ainda a importância da reforma administrativa, que, segundo ele, tem um alcance estimado em R$ 300 milhões para os próximos dez anos. “Mas acredito que este impacto será maior. Por exemplo, a conta era de contratar 70 novos servidores para cada 100 que se aposentassem. Mas, graças à digitalização dos serviços, já estamos contratando apenas 26 pessoas para cada centena de servidor que se aposenta”, revelou Guedes.
Sobre os rumos do País em 2021, Paulo Guedes se diz otimista com as perspectivas, defendeu a vacinação para um retorno seguro ao trabalho e enfatizou sua crença de que a economia crescerá 4%. “Será um ano de retomada e vamos fazer o que for possível: manter os juros, baixos, simplificar e reduzir os impostos e desonerar a folha de pagamentos. O Brasil vai retomar o crescimento.”
O ministro Rogério Marinho também avaliou com otimismo as perspectivas para este novo ano. Para ele, 2020 foi um ano que se mostrava extremamente áspero, complicado e difícil, mas que a atuação do governo federal, combinada com a ação dos varejistas e empresários de outros segmentos, conseguiu mitigar os efeitos da pandemia e ajudar o País a terminar o ano mais fortalecido. “E 2021 será o ano da nossa virada, da consolidação das nossas reformas. É o ano da mudança de paradigma do Estado brasileiro, pra fazer um Estado mais forte, mais justo, mais racional e que verdadeiramente sirva ao povo brasileiro”, disse.
Marinho concorda que há um longo percurso a ser percorrido e, para isso, é necessário foco, resiliência, objetivo e, sobretudo, que não se imagine que a batalha está ganha, que a guerra está terminada. “Os empresários precisam de um ambiente jurídico e de conforto para empreender e as pessoas mais frágeis precisam do apoio do governo federal”, defendeu o ministro.