Por Roberto Nunes Filho
Nesta Exclusiva, o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) fala sobre os seus
objetivos como vice-presidente executivo da Frente Parlamentar Mista em Defesa do
Comércio, Serviços e Empreendedorismo e compartilha sua visão sobre as propostas
trabalhistas que tramitam no Congresso Nacional
Na primeira hora do dia 2 de julho, o deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN) finalmente partira para sua residência após a polêmica votação sobre a redução da maioridade penal. Poucas horas depois, lá estava ele de volta à casa das leis para participar de sessão extra- ordinária a respeito do programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal do futebol brasileiro.O começo da sua tarde, no entanto, se deu no tradicional Hotel Nacional (DF), onde aconteceu a segunda reunião da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo (CSE), da qual Marinho é o vice-presidente executivo. De lá, o deputado retornou às pressas para o Congresso Nacional.
O ritmo acelerado é uma constante na vida de Rogério Marinho. No campo parlamentar, sua agenda é intensamente demandada por questões relacionadas às comissões das quais faz parte, como a do esporte, minas e energia e educação. Com relação a esta última, o deputado também é relator da Subcomissão de Indicadores e Qualidade da Educação. “Inclusive, até o fim do ano, temos que apresentar um projeto ao País com soluções e caminhos que devem ser percorridos para tentar corrigir o aflitivo cenário educacional brasileiro”, revela.
Marinho concilia sua carreira política com a vida de empresário e dirigente de futebol. Formado em economia, há 20 anos ele atua na comercialização de produtos educacionais e, atualmente, também ocupa a vice-presidência do seu clube do coração: o ABC de Natal. Em entrevista exclusiva concedida à SuperHiper após a reunião da Frente Parlamentar CSE, o deputado falou sobre a sua ideologia política e analisou o impacto que a Frente exercerá sobre os setores de comércio e serviços. Compartilhou também a sua visão sobre os temas trabalhistas que estiveram em pauta durante o referido encontro.
O senhor já está em seu terceiro mandato como deputado federal. Como surgiu o interesse pela vida pública?
A política está, literalmente, no meu DNA. Meu avô, Djalma Marinho, foi deputado federal por 22 anos, até falecer em 1981. Nesta época eu tinha apenas 16 anos e ele sempre foi uma referência e um exemplo para mim. O tempo passou e eu sempre pensei na possibilidade de ter uma carreira política. Em 2001, comecei como vereador em Natal (RN) e, cinco anos depois, fui eleito deputado federal pela primeira vez.
Qual linha ideológica rege suas propostas e decisões?
Ideologicamente, sou liberal e defendo o livre comércio. Acredito que para haver dinamismo, crescimento econômico e desenvolvimento social é necessário que o governo trabalhe em prol da desburocratização, da simplificação da cadeia tributária e do fomento aos mais diversos setores da economia.
Como parlamentar, quais são seus focos de atuação e o que mais lhe incomoda?
Toda a minha vida política, e também profissional, é baseada no estímulo ao empreendedorismo, inovação e educação. Tenho uma preocupação muito grande com a qualidade da educação brasileira, afinal, hoje estamos formando cada vez mais jovens de forma inadequada para ingressar no competitivo mercado de trabalho.
Uma educação falha mata lentamente a expectativa e o futuro da nossa juventude.
São gerações que estão sendo mal aproveitadas para ajudar no desenvolvimento do País...
É exatamente isso. Temos hoje um quadro catastrófico em nossa sociedade, que é o fato de mais de 50% das nossas crianças que estão na quinta série do ensino fundamental terem uma condição inadequada de proficiência no ensino. Ou seja, não sabem ler e escrever direito. O atual sistema de ensino está, consequentemente, formando gerações de profissionais que vão para o subemprego, ficando à margem do desenvolvimento econômico e social. Isso impacta diretamente na economia brasileira. Se não conseguimos formar uma mão de obra qualificada para ajudar no crescimento do País, isso significa menor produtividade, eficiência e competitividade. O que precisamos fazer é melhorar a qualificação da nossa mão de obra. Pra isso é preciso investir com mais responsabilidade na educação com foco no ensino profissionalizante.
Com relação à Frente Parlamentar de Comércio e Serviços, por qual razão decidiu apoiá-la?
A minha afinidade com estes setores e com o livre empreendedorismo é muito grande e natural, porque foi da maneira como sempre trabalhei e me posicionei na minha vida profissional e pública. E quando tive conhecimento da organização da Unecs e de seus objetivos, ficou claro que faltava dentro do parlamento uma instituição que pudesse dar suporte aos setores de comércio e serviços, que possuem grande representatividade no PIB brasileiro e na geração de empregos. Faltava essa organização política para que os interesses destes segmentos fossem sistematizados e defendidos na Câmara.
E quais são seus objetivos perante esta Frente?
Na condição de vice-presidente executivo da Frente, estou atento às necessidades do setor, primeiro na questão defensiva, afinal, é preciso lutar contra uma série de arbitrariedades que muitas vezes são feitas de forma oportunista e irresponsável. Mas, acima de tudo, temos que ser propositivos. O setor precisa dar um passo adiante e começar a trabalhar na construção de leis que gerem desburocratização e fomentem o crescimento e a geração de empregos.
Sobre a pauta trabalhista abordada na reunião da Frente, já não era para o País ter encerrado o debate sobre algumas propostas que, claramente, afetam a economia?
Sim, o Brasil sofre atualmente de uma síndrome de regressão, porque a pauta trabalhista que está hoje em discussão é a pauta da Europa no pós-guerra. E a Europa hoje está pagando o preço de um estado hiperatrofiado.
Hoje temos propostas que visam reduzir a jornada de trabalho e até mudar a dinâmica de concessão do vale-transporte. Há também os debates em torno da Convenção 158 da OIT, que proíbe a demissão de funcionários sem justa causa. Qual sua visão de tudo isso?
Precisamos entender que a economia não está precisando de mais ônus, custos e tributos do que já existe. O que a economia brasileira precisa é de mais simplificação e flexibilização. Afinal, a regulamentação que rege as relações trabalhistas é da década de 1940, uma época em que a realidade era completamente diferente. Existe hoje uma série de propostas que não levam em consideração as necessidades da economia brasileira e isso, aliado a uma série de outras iniciativas corporativistas, pode dificultar ainda mais o trabalho do empresariado e o desenvolvimento da nossa economia.
Tudo o que prejudica a produtividade, a eficiência e a competitividade deve ser revisto.