Mercado de cartões busca até 2022 atingir 60% do consumo das famílias

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A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) pretende conquistar a representatividade de 60% do consumo das famílias brasileiras até 2022. No ano passado, essa participação ficou em 38,3%.

 

Entre os desafios para atingir essa meta nos próximos quatro anos, está a pouca estrutura de rede de cabos e de internet em regiões geográficas importantes como Nordeste, Centro-Oeste e Norte, mais distantes dos grandes centros tecnológicos das regiões Sul e Sudeste.

 

Em termos de participação no volume transacionado em 2018, o Sudeste responde por 60,5%, seguido pelo Sul (15,1%), enquanto as regiões Nordeste (13,1%), Centro-Oeste (7,7%) e Norte (3,5%) registram menor representatividade nos pagamentos feitos por cartões.

 

Entre os dados regionais divulgados ontem, por outro lado, o crescimento mais expressivo no período ocorreu na região Norte, com alta de 16% no volume total movimentado em cartões, e de 17,5% se considerada apenas a modalidade de cartão de débito. “Esse resultado é reflexo do processo de inclusão financeira que continua ocorrendo no País”, comunicou a Abecs, em nota.

 

Na avaliação do presidente da Abecs, Pedro Coutinho, o governo também deveria incentivar a migração dos pagamentos em dinheiro (em espécie) para cartões por causa da segurança.

 

“Tivemos 114 assaltos a carros-fortes em 2018, 116 ocorrências contra empresas de segurança privada. O País gastou R$ 790 milhões no ano passado para imprimir papel moeda, fora o custo do passeio desse dinheiro, do transporte de valores. O dinheiro tem um custo alto que precisa ser considerado”, disse Coutinho, em entrevista coletiva concedida ontem, no décimo terceiro Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento (13° CMEP), realizado em São Paulo.

 

Quanto à competição no mercado, Coutinho, que também é presidente da credenciadora Getnet, do Santander Brasil, contou que o setor evoluiu muito nos últimos 10 anos. “É um mercado aberto”, respondeu aos jornalistas.

 

Questionado sobre que tipo de incentivo do governo ou do regulador (o Banco Central) para expandir a utilização de cartões no País, o executivo respondeu qual setor quer “ser envolvido no debate”, e emendou que o Banco Central (BC) tem conversado com o segmento e vice-versa.

 

“Nós debatemos em comitês todas as demandas que tínhamos necessidade. Todas as regras que eram importantes para elevar a competividade, nós levamos ao Banco Central”, afirmou Coutinho.

 

Balanço do segmento

 

Segundo as projeções divulgadas ontem pela Abecs, os pagamentos realizados com cartões de crédito, débito e pré-pagos devem crescer em torno de 16% em 2019, chegando ao patamar de R$ 1,8 trilhão. Com isso, as compras com cartões devem registrar, no quarto trimestre de 2019, participação recorde de 40% em relação ao volume do consumo das famílias brasileiras.

 

Pelos dados consolidados da Abecs, os brasileiros realizaram R$ 1,55 trilhão em compras com cartões em 2018, crescimento de 14,5% em relação a 2017, a maior alta desde 2014, quando o setor cresceu 14,8%. Entre as modalidades, os cartões de crédito registraram R$ 965,5 bilhões, alta de 14,6%; os cartões de débito, R$ 578,1 bilhões, aumento de 13,8%; e os cartões pré-pagos, R$ 11 bilhões, alta de 66,5%.

 

O volume total representou 38,3% do consumo das famílias no quarto trimestre de 2018. Em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), a representatividade do setor subiu de 20,7% em 2017 a 22,8% em 2018. Em quantidade de transações, os cartões tiveram crescimento ainda maior, de 15,5%, totalizando 18,8 bilhões em 2018 – o equivalente a 35,8 mil transações por minuto. Os cartões de crédito foram usados 9,4 bilhões de vezes pelos brasileiros, enquanto os cartões de débito, 9,3 bilhões, e os cartões pré-pagos, 180,1 milhões. Levando em consideração a população economicamente ativa, cada pessoa realizou cerca de 180 transações com cartões em 2018.

 

As compras com cartões não presentes, com destaque para o e-commerce, também ajudaram a impulsionar o crescimento do setor no período, somando R$ 198,2 bilhões (alta de 18,4%). O valor corresponde a 20,5% de todo o volume transacionado por meio de cartões de crédito em 2018. De acordo com pesquisa da Abecs realizada pelo Datafolha, 78% das pessoas que fazem compras online usam o cartão de crédito nessas transações, sendo que 63% delas preferem o celular como plataforma de acesso ao e-commerce. Em seguida, estão o computador tradicional (35%), o notebook (33%) e o tablet (3%).

 

Gastos internacionais

 

As compras internacionais realizadas por brasileiros com cartão de crédito somaram R$ 31,8 bilhões, avanço de 12,6% em relação ao ano anterior. Já os gastos de estrangeiros no Brasil com cartões cresceram 12,9%, chegando a R$ 15,7 bilhões. O levantamento da Abecs mostra ainda que, em 2018, os programas de loyalty dos cartões geraram R$ 4,3 bilhões em vantagens e benefícios aos clientes. O valor é 6,8% maior do que o registrado em 2017, o que significa que o brasileiro tem aproveitado esse benefício do cartão para adquirir produtos e serviços.

 

Sobre a infraestrutura, o País possui atualmente um parque de equipamentos de captura de transações com cartões (POS e PDV), com 9,3 milhões de terminais espalhados por todo o território nacional.

 

Fonte: DCI

 

 


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